segunda-feira, 2 de junho de 2008

Inteligência (1 a 4 Anos)

A inteligência, segundo Jean Piaget, “é o mecanismo de adaptação do organismo a uma situação nova e, como tal, implica a construção contínua de novas estruturas. Esta adaptação refere-se ao mundo exterior, como toda a adaptação biológica”.
As crianças desenvolvem-se, portanto, através dos estímulos e da sua capacidade de observação, de imitação e de reprodução, através de uma construção contínua a partir do que já sabem. É esta capacidade humana que permite adquirir conhecimentos, aperfeiçoar capacidades e exercitar talentos.
A inteligência, que associa razão e emoção, aumenta se a interacção entre a criança e os seus contextos de vida for intensa. A própria criança faz parte deste ciclo interactivo, como agente de promoção da sua inteligência.

1 Ano
A inteligência é fundamentalmente prática – a criança expressa-se através da linguagem, diz “água” porque sabe que será entendido como “quero água”.
É a fase da omnipotência infantil. Sente-se bastante segura porque nada lhe falta e as ameaças externas parecem mais do que controladas. A presença de um adulto inspira-lhe confiança. Entretanto, adquire novas informações e novos conhecimentos, experimentando várias situações. Ao mesmo tempo, vai percebendo que a relação de proximidade com o outro e com o mundo físico implica regras e que há comportamentos proibidos, obrigatórios e opcionais.
2 a 4 Anos
Nesta idade, surge a “a função semiótica”, que permite falar, desenhar e dramatizar. A criança tem uma enorme criatividade: brinca ao faz-de-conta e inventa jogos.
Nesta fase, os objectos podem designar o que a criança quiser: uma caixa pode servir de avião. Esta capacidade é muito importante, pois implica que a criança tenha as imagens mentais dos objectos.
Nesta fase, os objectos adquirem pessoalidade: “o popó vai dormir”. A linguagem ainda não é dialogante, pois o outro ainda não é visto como um interlocutor. A criança denomina tudo o que vê, é teimosa, determinada e egocêntrica (“É meu!”) – esta característica aparece como um mecanismos de defesa, perante a crescente percepção de que o mundo não está sob o seu domínio.

4 Anos
Os quatro e os cinco anos são “a idade dos porquês. Já distingue realidade de fantasia: quando brinca com carrinhos, já percebe que não são os carros que vê na rua. Já percebe a noção de conjunto e já é capaz de dividir os objectos por cores, tamanhos ou formas.
Caso
“Pai, porque é que as folhas da árvore se mexem?”
“Porque há vento.”
“E porque é que há vento?”
“Porque estamos no Inverno.”
“E porque estamos no Inverno?”
“Porque as estações do ano são assim.” – o pai da Margarida estava a ver que nunca mais conseguia seguir as notícias do telejornal.
“E porque é que as estações do ano são assim?”
“Olha, porque faz frio.”
“E porque é que faz frio no Inverno?”
“Olha, e se fosses dormir?”
Breves segundos de silêncio.
“Pai, porque é que as pessoas dormem?”
A capacidade de conversar através da fala aumenta. O desenvolvimento da linguagem permite um enorme desenvolvimento do pensamento simbólico. A criança já consegue repetir comportamentos através da imitação.

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