sábado, 17 de novembro de 2007

Perturbações Alimentares



Caros leitores, como sabem, o tema do nosso trabalho engloba perturbações do desenvolvimento, por isso, decidimos partilhar convosco um texto sobre algumas perturbações alimentares. Esperemos que gostem.




Anorexia Nervosa
• Recusa em manter um peso corporal normal para a idade e altura:
– perda de peso maior que a necessária para manter um peso de 85% do esperado
– incapacidade em ganhar o peso esperado para o crescimento, ficando aquém de 85% do previsto.
• Medo de ganhar peso ou ficar gordo, apesar da magreza excessiva;
• Perturbação na apreciação do peso e forma corporal, influência exagerada do peso e forma corporal na auto-avaliação, ou negação da gravidade do emagrecimento;
• Subtipos:
• Tipo restritivo - durante o episódio não recorre à ingestão compulsiva de alimentos nem a purgantes (ex. vómito ou laxantes, diuréticos e enemas);
• Tipo Ingestão Compulsiva /Tipo Purgativo - durante o episódio tem comportamentos bulímicos ou purgativos

Bulimia

• Episódios recorrentes de ingestão alimentar compulsiva, com dois critérios:
– Comer, num período de tempo, uma quantidade de alimentos superior ao normal (num mesmo tempo e circunstâncias).
– Sensação de perda de controlo sobre o acto de comer (incapacidade para parar ou controlar a quantidade e qualidade dos alimentos).
• Comportamento compensatório inapropriado recorrente para impedir o ganho (vomitar; laxantes, diuréticos, enemas ou outros medicamentos; jejum; ou exercício físico excessivo).
• A auto-avaliação está associada ao peso e forma corporais.
• A perturbação não ocorre exclusivamente durante os períodos de anorexia nervosa.
• Subtipos:
• Tipo purgativo: Durante o episódio actual induz regularmente o vómito ou usa laxantes, diuréticos ou enemas.
• Tipo não purgativo: Durante o episódio actual usa outros comportamentos compensatórios inapropriados, tal como jejum ou exercício físico excessivo, mas não induz o vómito ou faz uso de laxantes, diuréticos e enemas.
Pica
Ingestão persistente de substâncias não nutritivas em períodos superiores a 1 mês (cordas, tinta, cabelo, etc.).
• A ingestão é inadequada ao seu desenvolvimento.
• Não faz parte de práticas sancionadas culturalmente.


Mericismo
• Regurgitação (refluxo) e mastigação repetidas, em períodos superiores a 1 mês após período de funcionamento normal.
• Não devido à associação de doença gastrointestinal ou outro estado físico geral;

Perturbação do Comportamento Alimentar
• Dificuldade persistente em se alimentar adequadamente, com uma incapacidade de aumentar de peso ou com perdas de peso em períodos superiores a 1 mês.
• Não devida à associação de doença gastrointestinal ou outro estado físico geral (ex. refluxo esofágico).
• Não é melhor explicada por outra perturbação mental (por exemplo mericismo) ou por falta de alimentos disponíveis.
• O início é anterior aos 6 anos de idade.

Vómitos Cíclicos
• Descrito em 1882;
• Vómitos cíclicos periódicos ou recorrentes;
• Início súbito (noite).


Mais uma vez, os nossos agradecimentos pela atenção e pelo tempo dispensado,


GEBRA

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Logotipo

Vimos por este meio avisar todos os leitores que o tempo de votação para o nosso logótipo já acabou. O logótipo escolhido foi o segundo.
Agradecemos a todos os participantes e leitores, que nos têm ajudado na divulgação e concretização do nosso projecto, ainda no início.

Os nossos cumprimentos,
GEBRA

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Entevista a Educadora de Infância

Decidimos partilhar convosco um entrevista que fizemos a uma educadora de infância. Estávamos curiosas para saber como as crianças se portavam no infantário e qual a influência do meio familiar na vida escolar e como se integram as crianças com défices.
Entrevista
O nosso trabalho trata do desenvolvimento cognitivo e comportamental humano desde a concepção até à adolescência.
No âmbito da área curricular não disciplinar de área de projecto, decidimos realizar este inquérito a uma educadora de infância para nos ajudar a perceber os diferentes desenvolvimentos cognitivos e comportamentais, isto porque a variedade é inerente à espécie humana.

1. O que a levou a escolher a sua profissão?
É de salientar que foi desde adolescente, a minha primeira escolha. Sempre gostei de trabalhar com crianças e para elas. Sendo cada criança um caso, a diversidade de personalidades e comportamentos que iriam surgir, obrigar-me-iam, decerto, a actualizar conhecimentos e adaptar a minha prática pedagógica o que poria de parte a eventual monotonia inerente a outras profissões.

2. Com que tipo de crianças lida diariamente?
Ao longo de 25 anos de serviço já trabalhei em diferentes meios. Há 8 anos, trabalho num bairro problemático na periferia de Lisboa. São crianças simpáticas, com grande vontade de aprender mas que apresentam dificuldades no cumprimento de regras. Integrando na sua maioria, famílias destrutoradas e vivendo em condições precárias, as suas atitudes reflectem-se em comportamentos agitados e num baixo nível de poder de concentração o que dificulta a aquisição de hábitos, regras e novos conhecimentos.

3. Alguma vez notou o isolamento de alguma criança?
Sim, varias vezes. O isolamento é um comportamento característico de uma criança que sofre e que não consegue exprimir-se de outra forma. É o sinal de que algo se passa. É necessário estarmos atentos a todos os sinais diferentes que a criança nos tenta transmitir para rapidamente podermos agir, interrogando a família, tentando “diagnosticar” o problema e encaminhando-a da melhor forma possível.

4. Com que tipo de crianças problemáticas lidou ao longo da sua profissão?
Além de problemas físicos ( visuais, motores) já trabalhei com crianças que lhes foi diagnosticado quadros de hiperactividade, síndrome de down e mais recentemente um espectro autista. Neste meio é frequente as crianças apresentarem graves perturbações comportamentais/emocionais, o que condiciona também o seu desenvolvimento a todos os níveis.

5. A essa idade (3-5 anos) já se nota alguma diferença comportamental e social entre essas crianças e as ditas “normais”?

Sem dúvida. É essencialmente nestas idades e até numa intervenção ainda mais precoce, que é feito o despiste e o eventual encaminhamento dessas problemáticas.


6. De que modo avalia o desenvolvimento cognitivo e comportamental dos seus alunos?
Através da ficha de diagnostico preenchida no início do ano lectivo. São também realizadas fichas de avaliação, duas vezes por ano, em que vários parâmetros das diferentes áreas estão contemplados.
Em caso de dúvida, recorremos ao apoio da educadora do ensino especial que por sua vez, e se achar necessário, recorre à avaliação de uma psicóloga.

7. O infantário onde trabalha possui alguma unidade de ensino especial?
Temos um trabalho de parceria com alguns técnicos da CERCI de Lisboa que nos apoiam semanalmente.

8. Se sim, de que modo é que essa unidade ajuda as crianças com dificuldades?
É um apoio essencial, visto abranger varias valências. Semanalmente temos apoio em terapia da fala, hidroterapia, psicomotricidade, psicologia e educação social. Excepto a hidroterapia, todas as outras sessões se realizam nos espaços do jardim-de-infância.
Estando o jardim-de-infância inserido num bairro com poucos recursos, seria difícil as crianças poderem deslocar-se aos diferentes centros. Assim, este projecto beneficia o desenvolvimento, nas diferentes áreas, das crianças por ele abrangidas.

9. Há diferenças visíveis entre as crianças com dificuldades/perturbações e as outras ditas “normais”?
De uma maneira geral existem diferenças. Mas, sendo cada caso um caso não podemos nunca generalizar.

10. Nota nas crianças a influência dos pais problemáticos (alcoólicos, drogados)?
Nunca podemos dissociar a criança do seu meio familiar. A criança transporta toda a carga familiar quer esta seja positiva ou negativa. Todos estes desvios comportamentais por parte dos familiares das crianças, são vividos e encenados pela própria através do jogo simbólico.
O seu comportamento desenvolvimento harmonioso é condicionado, sem dúvida por todos estes factores.

11. Qual a criança que a marcou mais? Porquê?
Não tenho nenhuma em particular, mas todas as crianças que no meu grupo apresentam Necessidades Educativas Especiais (NEEs) exigem de mim um estudo mais aprofundado e uma atenção redobrada.
A sua permanência no jardim-de-infância geralmente é prolongada (é pedido um adiamento da escolaridade) o que implica um maior envolvimento e aprofundamento da problemática e inevitavelmente um relacionamento afectivo mais intenso quer com a criança quer com a família.

12. Como é que os outros ditos “normais” lidam com as outras crianças com perturbações? Como é que lhes explica que os outros são diferentes e como é que eles reagem?
Sem haver necessidade de grandes explicações o grupo no geral, consegue aperceber-se das diferenças. Têm uma atitude de inter ajuda e de protecção desde que a criança não revele comportamentos agressivos. Notam que o seu desenvolvimento se desenrola num ritmo mais lento e por isso tentam ajudá-la.
Muitas vezes esta super protecção tem de ser contrariada para que a criança por si só possa fazer as suas descobertas e tornarem-se mais independentes.
Nos casos de distúrbios comportamentais em que o não cumprimento de regras e a agressividade estão presentes, a aceitação pelo grupo é mais difícil o que exige um trabalho sistemático e contínuo, acentuando os pontos positivos, quer junto do grupo quer com as famílias.

Esoeramos que tenham ficado esclarecidos e que tenham aprendido tanto como nós com esta entevista.

Os nossos cumprimentos,

GEBRA


Visita ao Diferenças


Caros leitores, após alguns dias de ausência, estamos de volta. Decidimos paratilha convosco a nossa experiência: ontem, dia 6 de Novembro, fomos ao Centro de Desenvolvimento Diferenças.


Aos seis dias do mês de Novembro do ano de dois mil e sete, o nosso grupo (GEBRA) realizou uma visita de estudo ao centro de desenvolvimento infantil “Diferenças” que se situa no centro comercial da Bela Vista.

Esta visita de estudo realizou-se no âmbito da área curricular não disciplinar de Área de Projecto e, uma vez que o nosso tema engloba os problemas relacionados com o desenvolvimento infantil, achámos que nada seria melhor do que assistir a duas consultas: uma de psicologia e outra de pediatria.
Assistimos à consulta de um menino de sete anos chamado Carlos que tinha dislexia, problemas na fala (gaguez) e um problema no espectro de autismo. O méto
do utilizado na escola para aprender a ler era o “método das 28 palavras”, o qual consiste na descoberta de novas palavras a partir das sílabas fónicas dessas 28 palavras. Contudo, as crianças com dislexia não conseguem distinguir os sons (por exemplo, a criança confundia a fonética do “E” e do “F”). Deste modo, para que as crianças com dislexia consigam aprender a ler, são utilizados métodos específicos, tais como:
· Ensinar os sons e a sua junção para formar palavras.
· Utilização de sinais, truques para facilitar a leitura (por exemplo, dizia-se que o “A” era morto na palavra tia, ou então utilização de símbolos para quando
o “O” se lia “U”.
· Aprendizagem do alfabeto chamando atenção não só para o nome da letra, bem como para o seu som.
As crianças com dislexia também têm problemas com a memória, por isso, de modo a estimulá-las, a psicóloga utilizava cartões onde estavam escritas letras (ex: OAM). O paciente dizia alto o som das letras e, seguidamente a psicóloga esconde o cartão para que a criança procure essas letras no abecedário de modo a construir palavras com o objectivo de lê-las posteriormente (amo, mão).
Para tornar estas consultas mais dinâmicas e interessantes, visto que a criança tem uma perturbação do espectro de autismo, no início da sessão o p
aciente escolhe as actividades que irá realizar. Se o Carlos se portar bem, recebe um autocolante por cada tarefa concluída com sucesso, como prémio. Esta foi a maneira que a psicóloga arranjou para controlar o seu comportamento.
Na consulta de pediatria, o Tiago da Silva de treze anos tinha hiperactividade com défice de atenção, alguma impulsividade (agindo sem pensar), de repente davam com ele a pensar na “morte da bezerra”. Primeiramente, procedeu-se à avaliação do comportamento. Na sala de aula, a professora diz que o Tiago está completamente distra
ído; a mãe disse que o seu filho não tinha algumas disciplinas no caderno após três semanas de aulas; o seu comportamento no recreio é normal e não demonstra qualquer agressividade para com os colegas ou professores; tem um bom comportamento em locais públicos; em casa é respondão; possui apetite e sono normais; não possui dores de cabeça, medos excessivos, tiques e irritabilidade.
Seguidamente iniciou-se a avaliação do seu rendimento na escola. No ano passado começou com uma só negativa, aumentando para seis no segundo período e acabando com três no terceiro.

A consulta acabou com a elaboração de um plano novo de medicação. O doente passou a tomar Rubifen 10 que tem quatro horas de efeito. Deve tomar ao pequeno-almoço, almoço e lanche sempre que a seguir tenha aulas, apoios ou estudos.
Esta visita de estudo ajudou-nos a compreender melhor a realidade das dificuldades das crianças com problemas. Saber que uma criança com dislexia necessita mais de cinco meses para aprender o alfabeto e os sons das letras de modo a formar palavras, foi chocante. Ainda para mais, sabendo que essas crianças não têm culpa de
ser o que são e não tiveram qualquer escolha no assunto
Concluímos esta visita de estudo com o visionamento de dois filmes de trissomia 21, que procuravam sensibilizar os espectadores para o problema e o sofrimento dos pais quando se deparam com um filho diferente que têm de cuidar para toda a vida.
Finalizámos a visita às onze horas e quarenta e cinco minutos da manha e achámos que foi muito benéfica!
Aqui estão algumas fotografias tiradas durante este nosso trabalho de campo: