terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Caros leitores, hoje deixamo-vos a perspectiva de uma criança com síndrome de Asperger. Achámos este texto, tirado do site da Associação Portuguesa da Síndrome de Asperger, muito útil, na medida em que nos ajuda a perceber o que "vai na cabeça" destas crianças, o modo com elas pensam e o que sentem. Mais uma vez, esperemos que vos agrade!
“Como se sente uma pessoa com a Síndrome de Asperger:”

· Eu posso estar concentrado nos meus pensamentos e não ouvir alguém chamar ou falar comigo.
· Um determinado sabor pode ser óptimo para toda a gente, e para mim ser de vómitos.
· O mesmo acontece com alguns cheiros. O melhor perfume do mundo pode fazer-me sentir a sufocar. O cheiro do tabaco pode ser completamente insuportável.
· Às vezes os ruídos são para mim ensurdecedores e eu tenho de tapar os ouvidos ou fugir.
· Eu tenho um interesse especial, do qual falo constantemente. Se for por comboios, então gosto de tirar fotografias de comboios, desenhar comboios e até reproduzir os barulhos de comboios. Fico muito excitado quando abordo o assunto e não entendo porque é que os que me rodeiam não se interessam pelo tema.
· Eu tenho determinados rituais ou “manias”, que tenho de seguir escrupulosamente, para ficar calmo e relaxado. Mas às vezes fico frustrado pois ocupam-me muito tempo.
· Às vezes fico assustado se vejo muitas pessoas à minha volta ou alguém que desconheço. Nem sequer quero olhar para eles ou falar com eles, quero ser invisível. Tenho dificuldade em pedir coisas nas lojas ou em falar com o empregado do restaurante. Fico muito envergonhado e um pouco assustado.
· Eu não consigo perceber o que estás a sentir quando olho para ti. Tenho dificuldade em perceber a linguagem corporal a não ser que estejas a chorar, rir ou a gritar muito alto.
· A maior parte das vezes não gosto que me toquem. Prefiro que não me dêem abraços mas adoro que alguém conhecido me coce as costas. Não gosto muito de cortar e lavar o cabelo e detesto que me cortem as unhas.
· Não sou nenhum equilibrista e até andar a pé me cansa.
· Não entendo as palavras com duplo sentido. Também não percebo as anedotas.
· Eu acredito piamente no que me dizem. Se me dizes que as pessoas morrem se não bebem água posso levar tão a sério que passarei a beber água a toda a hora. Isso fica-me na memória e preocupa-me. Não me passa pela cabeça que uma pessoa sem água pode sobreviver alguns dias ou que a água necessária ao corpo pode vir de outras fontes (leite, sopa, etc).
· Tenho consciência que sou diferente, que não consigo fazer com facilidade o que os outros fazem e isso deixa-me nervoso e frustrado. Mas não percebo a origem da minha diferença ou porque é que os outros me gozam.
· Eu gosto de conhecer novas pessoas e falar-lhes, mas não sei como. Elas assustam-me. Leva-me algum tempo a ficar confortável com alguém.
· Não percebo porque é que o meu professor diz que eu me porto mal … eu esforço-me por fazer o meu trabalho mas não percebo muitas coisas e não mas explicam correctamente. Mas se me sentam no fundo da sala ainda é pior porque ou fico a sonhar acordado ou me distraio facilmente.
· Não consigo com facilidade ver as horas, atar os atacadores, descascar uma peça de fruta, dar um chuto decente numa bola, andar de bicicleta, usar o compasso ou a régua.
· Algumas roupas são tão desconfortáveis que não consigo vesti-las.
· Prefiro ficar em casa a jogar Playstation ou ver televisão do que ir ao parque.
· No recreio não me importo de brincar sozinho
.


“Como se sente uma pessoa com a Síndrome de Asperger”.
www.apsa.org.pt, [Consult. 2007-11-29].
Os nossos sinceros cumprimentos,
GEBRA

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Síndrome de Down



Exmos. leitores, hoje decidimos falar-vos um pouco sobre Síndrome de Down ou Trissomia 21. Esperemos que gostem.

Síndrome de Down

Breve Introdução
Síndrome de Down ou Trissomia 21 é uma alteração genética causado pela presença de um cromossoma 21 extra, total ou parcialmente. Os indivíduos portadores desta síndrome possuem 47 cromossomas, em vez de 46.

História
Foi descrita pela primeira vez, em 1866, pelo médico John Langdon Down, que identificou a sua causa genética e escreveu as características observáveis desta síndrome. Mas foi o geneticista Jérôme Lejeune, em 1958, que a identificou pela primeira vez.
Os indivíduos portadores desta síndrome são vulgarmente designados por “mongolóides”. O termo síndrome de Down foi referido, pela primeira vez, pelo editor do The Lancet, em 1961. Era, até à data, denominado como mongolismo pela semelhança observada por Down na expressão facial de alguns pacientes seus e os indivíduos oriundos da Mongólia. Porém, a designação mongolóide dada aos portadores da síndrome ganhou um sentido pejorativo e até ofensivo, por isso, tornou-se banida no seio científico.

Diagnóstico
· Pré-natal: amniocentese;
· Pós-natal: características físicas;
O diagnóstico é confirmado através da análise do cariótipo.

Etiologia e Subtipos
A trissomia 21 é identificável pela presença de três cromossomas 21 no cariótipo. Esta síndrome apresenta quatro variantes: trissomia 21 livre, translocação, mosaicismo e duplicação de uma porção do cromossoma 21.

Trissomia 21 livre
É causada por um fenómeno de não-disjunção meiótica. O indivíduo apresenta 47 cromossomas em todas as suas células, tendo três no par 21. O cariótipo é o seguinte: 47XX ou 47XY (+21) Constitui cerca de 95% dos casos observados.
O risco aumenta com a idade materna: quando a mão tem 35 anos, a incidência é de 1 em casa 250 nascimentos, mas quando a mãe tem 48 anos.
Translocação
O braço longo do Cromossoma 21 liga-se topo a topo a outro cromossoma (13, 14, 15, 21 ou 22), podendo haver assim variabilidade na região extra. A mutação pode ser uma mutação de novo e pode ser herdada de um dos progenitores que não apresenta a doença pois tem uma translação Robertsoniana equilibrada. Por disjunção normal na meiose, os gâmetas são produzidos possuem uma cópia extra do braço longo do Cromossoma 21. Esta é a causa de 2 – 3% das síndromes de Down observadas. É também conhecida como "síndrome de Down familiar".
Nestes casos, é aconselhável os pais fazerem uma análise ao cariótipo, como objectivo de saberem qual o risco de voltarem a ter algum filho deficiente e quem é o portador da translocação.
Mosaicismo
Os indivíduos portadores de Trissomia 21 por mosaicismo podem ter células normais (com dois cromossomas 21) e células com três cromossomas 21. Isto pode acontecer de duas maneiras: por uma não-disjunção numa divisão celular pós-zigótica, a célula com uma trissomia 21 dá origem a mais células iguais a si nas divisões seguintes, mas as restantes células permanecem normais; também poderá acontecer o contrário, um zigoto com síndrome de Down sofrer uma igual mutação, e algumas células podem ficar com o número “correcto” de cromossomas. O cariótipo é o seguinte: 46XX/47XX ou 46XY/47XY (+21)
Existe, obviamente, uma variabilidade na fracção nº de células doentes/nº de células ditas saudáveis. Esta é a de 1 – 2% dos casos analisados. Note-se que é provável que muitas pessoas tenham uma pequena fracção de células com número de cromossomas alterado.
Duplicação de uma porção do cromossoma 21
Muito raramente, uma região do cromossoma 21 pode sofrer um fenómeno denominado duplicação, o que conduz a uma quantidade extra de genes deste cromossoma, mas não de todos, podendo, deste modo, haver manifestações da doença.

Incidência
Estima-se que a incidência da Síndrome de Down seja de um em cada 660 nascimentos, o que faz desta deficiência uma das mais comuns a nível genético. A idade da mãe influencia bastante o risco de concepção de bebé com esta síndrome; quanto maior a idade da mãe, maior o risco da ocorrência da síndrome: em idades compreendidas entre os 20-24 anos é de apenas 1/1490, enquanto que aos 40 anos é de 1/106 e aos 49 de 1/11 As grávidas com risco elevado de ter um filho deficiente devem ser encaminhadas para consultas de aconselhamento genético, no âmbito das quais poderão realizar testes genéticos (como a amniocentese).

Prevalência
1,2:1000 (Reino Unido, anos 60)
12 000 a 15 000 indivíduos com T21 (Portugal)
150 a 180 novos portadores/ano (Portugal)

Esperança Média de Vida
• 1930: 9 anos;
• 1940: 12 anos;
• 1980: 18 anos;
• 1995: 44% além dos 60 anos;
• 1997: 50 - 65 anos ;
A principal causa de morte relaciona-se com:
· Infecções respiratórias;
· Anomalias congénitas (cardíacas);
· Aterosclerose;
· D. Alzheimer;

Fenótipo
Os indivíduos portadores de síndrome de Down apresentam, regra geral, as seguintes características físicas: fissuras palpebrais oblíquas, hipotonia muscular, a flat nasal bridge, uma prega palmar transversal única (também conhecida como prega simiesca), uma língua protrusa (devido à pequena cavidade oral), pescoço curto, pontos brancos nas íris conhecidos como manchas de Brushfield, flexibilidade excessiva nas articulações (hiper flexibilidade), defeitos cardíacos congénitos, espaço excessivo entre o dedo grande e o segundo dedo do pé. A maioria destes indivíduos possui um défice cognitivo leve (QI 50-70) a moderado (QI 35-50), Além disso, podem ter sérias anomalias que afectam um ou mais sistemas de órgãos.
Outra característica bastante frequente é a microcefalia, ou seja, um reduzido peso e tamanho do cérebro. O progresso na aprendizagem é também tipicamente afectado por doenças e deficiências motoras, como doenças infecciosas recorrentes, problemas no coração, problemas na visão (miopia, astigmatismo ou estrabismo) e na audição.

Problemas
Os indivíduos portadores desta síndrome sofrem, mais frequentemente do que o resto da população, de vários problemas, nomeadamente relacionados com a saúde ou integração social:
· Cardiologia: as cardiopatias congénitas afectam 40% destas crianças (defeitos do septo e outras anomalias), constituindo a principal causa de morte. No entanto, se forem corrigidas, a esperança de vida é bastante elevada;
· Oftalmologia: 3% destas crianças têm cataratas congénitas, que devem ser extraídas precocemente. Também são mais frequentes os glaucomas, problemas de estrabismo (olhos tortos), manchas de Brushfield (pontos brancos na íris) e outros problemas.
· Otorrinolaringologia: São muito frequentes os problemas auditivos nestas, devido a otites serosas crónicas e os defeitos da condução nervosa; apneia do sono;
· Estomatologia: má oclusão dentária, infecções, microdôncia, desalinhamento, cárie dentária; os dentes tendem a ser pequenos e espaçados irregularmente;
· Fenótipo facial: microglossia (>90%); malforações dos pavilhões auriculares; malformações nasais; Epicantus e malformações oculares;
· Gastrenterologia: a incidência total de malformações gastrenterológicas é de 12%, como obstipação ou refluxo gastroesofágico;
· Neurologia: a hipotonia é muito frequente no recém-nascido, o que pode interferir, negativamente, no processo de amamentação. Normalmente, a amamentação demora mais tempo e apresenta mais problemas devido à língua protusa (sai para fora da boca); a laxidez das articulações e a hipotonia podem aumentar a incidência de luxação da anca, embora seja rara; cerca de 10% destas crianças sofre convulsões; há ainda uma maior tendência para a doença de Alzheimer;
· Ortopedia: escoliose, pé plano, etc.
· Imunologia e oncologia: a imunidade celular também é afectada, pelo que são mais frequentes determinadas infecções, nomeadamente respiratórias. Habitualmente, têm hipertrofia dos adenóides e das amígdalas. Há também uma maior incidência de leucemias e anemias;
· Endocrinologia e crescimento: há um atraso no crescimento e tendência para a obesidade; hipotiroidismo ou hipertiroidismo (menos frequente); baixa estatura; diabetes;
· Metabolismo: défice de viatmina A, B1. B6, B12, Zinco e ácido fólico;
· Dermatologia: pele seca, infecções; eczema;
· Neuropsiquiatria: traços autistas (5-10%); alterações comportamentais e/ou cognitivas; perturbação do humor;
· Sexualidade e ginecologia: comportamentos sexuais desapropriados; fertilidade e maternidade; neoplasia da mama; síndrome pré-menstrual;
· Perigo de acidentes domésticos;
· Exclusão social.

Plano de Intervenção
Os factores determinastes no desenvolvimento psicomotor são:
1. Património genético;
2. Ambiente (dieta, oportunidades de aprendizagem, cultura, mentalidades,…);
3. Características específicas do sujeito (físicas, sensoriais, de personalidade,…).
Só é possível intervir em 2 e em 3.
Estratégia de Intervenção
· Cuidados médicos
· Programa educativo
· Programa social
Existem vários aspectos podem contribuir para melhorar o desenvolvimento de uma criança com síndrome de Down:
· Cuidados médicos:
o Cardiologia: cirurgia e avaliação clínica;
o Oftalmologia: consulta anual de oftalmologia, avaliação clínica neonatal;
o Otorrinolaringologia: avaliação clínica neonatal, avaliação do desenvolvimento, detecção precoce por parte dos pais, cirurgia correctiva, consulta de otorrinolaringologia anual, tratamento das infecções;
o Estomatologia: avaliação clínica, consulta semestral de estomatologia, tratamento precoce de infecções, ortodôncia, higiene oral e alimentar, flúor oral;
o Imunologia/ pneumologia: avaliação clínica, detecção e tratamento precoce de infecções, imunização alargada (gripe, hepatite A e B, etc.), estudo de imunidade;
o Oncologia: avaliação clínica, detecção e tratamento precose, rastreio anual de anemia;
o Endocrinologia: avaliação neonatal, consulta de endocrinologia, prevenção da obesidade;
o Nutrição: suplemento vitamínico e de ácido fólico, higiene alimentar, exercício físico;
o Gastrenterologia: avaliação clínica; consulta de gastrenterologia; higiene alimentar; exercício físico, laxantes;
o Neurologia: avaliação neurocomportamental neonatal, avaliação do desenvolvimento, consulta de neurologia e de psiquiatria;
o Ortopedia: avaliação clínica, abstenção de desportos violentos, exame neurológico regular, consulta de ortopedia e fisiatria, se houver alterações neurológicas, cirurgia;
o Dermatologia: avaliação clínica, uso diário de cremes gordos, vestuário adequado, evitar exposição solar, tratamento precoce de problema de pele, consulta de dermatologia;
o Neuropsiquiatria: apoio familiar, social, pedopsiquiátrico e psiquiátrico, detecção de comportamentos anormais por parte dos pais;
o Fenótipo facial: avaliação clínica e do desenvolvimento, terapia da fala, expansão do maxilar, cirurgia plástica.
· Adolescência:
o Prevenção de doenças cardiovasculares e reumatológicas;
o Avaliação clínica;
o Rastreio da diabetes (anual);
o Lazer e desporto;
o Intervenção social.
· Sexualidade e Ginecologia:
o Educação sexual;
o Programas sócio-culturais;
o Educação familiar;
o Consulta de Ginecologia (anual após a menarca)
o Ecografia pélvica;
o Mamografia anual (>50 ou >40 se história familiar).
· Sociedade:
o Modificação das mentalidades;
o Promoção da Integração.
· Programa educativo:
o Apoio domiciliário e institucional;
o Apoio indirecto e directo;
· Apoio social/familiar (psicológico):
o Redução do stress;
o Fortalecimento do espírito de família;
o Promoção da interacção pais/irmãos/criança;
o Promoção do acesso à educação e a oportunidades
o Apoio no luto,...
· Defesa dos Direitos:
o Integração educativa e comunitária;
o Oportunidades para o exercício do lazer e desporto;
o Apoio no luto pela morte de pais ou familiares;
o Direito à orientação vocacional e profissionalização;
o Direito à habitação;
o Direito à sexualidade;
o Direito à família;
o Direito à procriação.
· Outras iniciativas:
o Apoio a grávidas com fetos com Trissomia 21;
o Programas sócio-educativos de fins-de-semana e férias;
o Aconselhamento jurídico;
o Acções de formação;
o Divulgação;
o Promoção da mudança das mentalidades.
Há que salientar que todo este plano visa melhorar o desenvolvimento da criança, adolescente ou adulto portador de Síndrome de Down, através da estimulação das suas capacidades e a sua integração na sociedade onde se encontra, através da mudança de mentalidades. Só assim poderemos construir um mundo mais justo e integrador, respeitando e aceitando a diferença!
Os nosso cumprimentos,

GEBRA

domingo, 9 de dezembro de 2007

Síndrome de Asperger

Caríssimos leitores, pedimos muitas desculpas pela nossa ausência demorada, mas não nos foi possível actualizar o nosso blog durante vários dias. Neste época de testes, entre livros de Português, de Matemática e de Psicologia, mal tivemos tempo para ligarmos a internet, isto não significa, porém, que não tenhamos continuado a trabalhar, com muita dedicação, no nosso projecto.
Para ficarem com um ideia, na passada terça-feira, entregámos o relatório final do 1º Período, que sintetiza todo o nosso trabalho realizado desde o início do ano e, além disso, também o apresentámos à turma.
No dia 6 de Dezembro, durante toda a manhã, assistimos a um congresso internacional de Síndrome de Down, na Gulbenkian. Esta experiência, partilharemos convosco mais tarde.
Por agora, desfrutem de um texto que escrevemos sobre Síndrome de Asperger. Esperamos corresponder às vossas expectativas.

Breve Introdução
Quase desde o berço este notável menino revelara um edificante amor por alfarrábios e por todas as coisas do saber. Ainda gatinhava e já a sua alegria era estar a um canto, sobre uma esteira, embrulhado num cobertor, folheando in-fólios, com o craniozinho calvo de sábio curvado sobre as letras garrafais da boa doutrina; e depois de crescidinho tinha tal propósito que permanecia horas imóvel numa cadeira, de perninhas bambas, esfuracando o nariz: nunca apetecera um tambor ou uma arma: mas cosiam-lhe cadernos de papel, onde o precoce letrado, entre o pasmo da mamã e da titi, passava dias a traçar algarismos, com a linguazinha de fora.

“OS MAIAS”, cap. III, Eça de Queiroz

A síndrome de Asperger resulta de uma perturbação no desenvolvimento do Sistema Nervoso, variante do espectro de autismo.
O que chama a atenção na S. de Asperger são as perturbações, os defeitos e os excessos, as incapacidades e as prováveis “genialidades”, que coexistem num indivíduo, à primeira vista normal, e que lhe causam um desajustamento grave enquanto ser social, tornando-o surpreendentemente incapaz de gerir de forma competente a sua relação com o meio envolvente.
Essas perturbações que podem surgir, de forma isolada noutras patologias, ou mesmo, mais ou menos moderadas, na população em geral, surgem aqui agregadas e com uma gravidade que interfere de forma significativa com o funcionamento do indivíduo.
Alguns sintomas da S. de Asperger são: dificuldade de interacção social e empatia; interpretação muito literal da linguagem; dificuldade de adaptação a mudanças, comportamentos estereotipados. No entanto, esta síndrome está regra geral, associada a um desenvolvimento cognitivo normal ou alto. É mais comum no sexo masculino. Na idade adulta, a expressão desta doença torna-se menos evidente, podendo os indivíduos fazer uma vida normal.

História da Descoberta
O conjunto de sinais e sintomas que conformam a S. de Asperger foram, pela primeira vez, referidos por Hans Asperger (1944) (antes, Ewa Ssucharewa tinha descrito estes sinais e sintomas como manifestações de uma personalidade do tipo esquizóide, em 1926), depois listados por Lorna Wing em 1981.
Foi justamente Lorna Wing que utilizou, pela primeira vez, o termo "síndrome de Asperger", num jornal médico. Pretendia, desta forma, honrar Hans Asperger, um psiquiatra e pediatra austríaco cujo trabalho não foi reconhecido internacionalmente até à década de 90. A síndrome foi reconhecida, pela primeira vez, no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, na sua quarta edição, no ano 1994.

Epidemiologia
Prevalência: 3 – 5 casos / 1000;
Distribuição por género: masc./fem. = 4/1;
Portugal: 30.000 a 40.000 pessoas com SA.

Causa
A origem desta doença é ainda desconhecida, põe-se a hipótese de ser originada por um lesão cerebral: gestoses, incidentes obstétricos, hipotiroismo congénito, infecções cerebrais pós-natais, esclerose tuberosa ou neurofibromatose. Além disso, também surge, frequentemetne, associada a ouras síndromes, como Trissomia 21 ou Síndrome de X – frágil.


Características
Dificuldade no relacionamento social;
Maneirismos estereotipados e repetitivos;
Interesses obsessivos;
Inflexibilidade a alterações da rotina;
Dificuldade na compreensão de linguagem simbólica;
Dificuldade na compreensão de sinais não verbais;
Peculiaridades na fala e na linguagem;
Comportamento socialmente e emocionalmente impróprio e problemas de interacção interpessoal.

Diagnóstico
O diagnóstico desta síndrome implica a identificação de alterações indiciadoras nos primeiros anos de vida, não pode ser feito com segurança antes dos cinco anos de idade e, na maioria dos casos, só mesmo durante a idade escolar.
Há, actualmente, pelo menos, quatro algoritmos de diagnóstico de S. Asperger citados na literatura: O da ICD-10, o da DSM-IV, o de Gillberg (1989, 1991) e o de Szatmari (1989).
Aqui apenas aparece os critérios de Gillberg, pela sua relação estreita com a clínica.
Segundo Gillberg, a S.A. deve contemplar os seguintes comportamentos: interesses restritos; alteração da linguagem; perturbação da interacção social; dificuldades na coordenação motora; alteração da linguagem não verbal; compulsão para rotinas.
i. Défice da interacção social (egocentrismo) (pelo menos dois dos seguintes).
a. Dificuldades na interacção com os pares
b. Indiferença ao contacto com os pares
c. Dificuldades na interpretação de regras sociais implícitas
d. Comportamento social e emocionalmente inapropriado
ii. Interesses restritos (pelo menos um dos seguintes).
a. Exclusão de outras actividades
b. Adesão repetitiva
c. Actuação mecânica, mais do que com sentido
ii. Necessidade compulsiva para a introdução de rotinas e interesses (pelo menos um dos seguintes).
a. Que afectam significativamente o dia a dia do próprio
b. Que afectam significativamente terceiros
iii. Peculiaridades na linguagem verbal (pelo menos três dos seguintes).
a. Atraso no desenvolvimento da fala
b. Linguagem expressiva superficialmente correcta
c. Linguagem formal, pedante
d. Prosódia bizarra, características vocais peculiares
e. Dificuldade de compreensão de segundos sentidos e interpretação literal
iv. Alterações da comunicação não verbal (pelo menos um dos seguintes).
a. Uso limitado de gestos
b. Linguagem corporal desajeitada
c. Expressão facial pobre
d. Expressão facial inapropriada
e. Marcha peculiar, hirta
v. Dificuldades motoras
Na prática clínica, o diagnóstico é feito se o défice de interacção social se acompanhar de pelo menos quatro dos restantes cinco critérios. Como não há testes que possam comprovar a SA, o diagnóstico é sempre clínico.
· Dificuldades sociais (isolamento, desajuste nas relações sociais, ausência de empatia):
o Teoria da mente (incapacidade de atribuir estados mentais aos outros – pensamentos, sentimentos, intenções);
o Poderá resultar da dificuldade de reconhecer estados mentais em si próprio? (atenção centrada nas sensações è dificuldade de aceder/reconhecer os próprios afectos?).

· Dificuldades não sociais;
o Diminuição da coerência central (dificuldade de seleccionar a informação relevante da que não é relevante e incapacidade de extrair informação do todo - ausência de Gestalt);
o Interesses restritos (pela dificuldade de processamento de informação múltipla em simultâneo?) (pode levar a capacidades de pormenor notáveis);
o Alteração da coordenação motora (por má integração sensorial?);
o Dificuldade no planeamento executivo (poor high level planning) (Controlo executivo deficiente, impulsividade)
Dificuldades no Diagnóstico
As dificuldades no diagnóstico da S. de Asperger resultam, sobretudo, do desconhecimento da etiologia neurobiológica desta síndrome, da sua expressão clínica variável e de se tratar de uma entidade de classificação relativamente recente. Assim (entre outras):
O diagnóstico é clínico; não existem exames auxiliares que o comprovem, podem, quando muito, reforçar o diagnóstico;
Deficiente informação/formação médica.
A concordância entre diferentes classificações não é total e todas elas apresentam insuficiências.
Exames Auxiliares do Diagnóstico
· ASDS (Asperger Syndrome Diagnostic Scale);
· GADS (Gilliam Asperger´s Disorder Scale);
· Inventário da Síndrome de Asperge;
· LEITER-R (Cognição não-verbal);
· EEL / L2MA (Linguagem);
· TOPA (Consciência fonológica);
· TOPL (Pragmática linguística);
· PEABODY (Motricidade);
· Inventário das Estereotipias.

Alterações Básicas na S. Asperger
Dificuldades sociais (isolamento, desajuste nas relações sociais, ausência de empatia):
Teoria da mente (incapacidade de atribuir estados mentais aos outros – pensamentos, sentimentos, intenções);
Poderá resultar da dificuldade de reconhecer estados mentais em si próprio? (atenção centrada nas sensações è dificuldade de aceder/reconhecer os próprios afectos?).
Dificuldades não sociais:
Diminuição da coerência central (dificuldade de seleccionar a informação relevante da que não é relevante e incapacidade de extrair informação do todo - ausência de Gestalt);
Interesses restritos (pela dificuldade de processamento de informação múltipla em simultâneo?) (pode levar a capacidades de pormenor notáveis);
Alteração da coordenação motora (por má integração sensorial?)
Dificuldade no planeamento executivo (poor high level planning) (Controlo executivo deficiente, impulsividade).
Exemplo de restrição de interesses a S. de Asperger
R.R., 14 anos, S. Asperger típico, diagnosticado aos 12 anos. Desde pelo menos os seis anos de idade desenvolveu um interesse obsessivo por caixilharia. Colecciona chaves e fechaduras; ocupa grande parte do tempo fazendo modelos e desenhos técnicos.
Depois de ter entrado pela primeira vez no consultório e aí permanecido cerca de dez minutos (sentado de costas para a janela), foi-lhe pedido que saísse e desenhasse de memória a sala de onde tinha acabado de sair.

S. Asperger na Adolescência e na Idade Adulta
A Síndrome de Asperger pode ser mais difícil de reconhecer durante a adolescência e adultez.
Há invariavelmente problemas escolares, incapacidade de mobilizar esforços para uma actividade que não constitui para eles prioridade e incapacidade de compreender o seu interesse futuro.
A marginalização por parte de colegas pode ser um problema grave. No extremo oposto, pode haver um comportamento agressivo ou mesmo anti-social do indivíduo com S. Asperger. É frequente a incapacidade de trabalhar em grupo de forma adequada.
Os problemas de higiene são frequentes nos adolescentes com Asperger.
A integração no meio laboral é muito difícil. A autonomização pode nunca chegar a acontecer.
São quase sempre incapazes de estabelecer relações afectivo-sexuais estáveis.
A depressão é frequente nestas idades, sobretudo nos indivíduos de comportamento mais passivo.

S. Asperger como Patologia do Desenvolvimento
A Síndrome de Asperger, como patologia de desenvolvimento que é, tem uma expressão que varia ao longo da vida.
A interacção social e a aprendizagem daí resultante tendem a melhorar a expressão sintomática com a idade
A natureza “invisível” das perturbações associadas no Síndrome de Asperger e a invalidez aparentemente moderada que elas provocam, contribuem para tornar o seu impacto social e emocional muito severos.

Problemas Associados à S. A.
Interacção Social
Epilepsia

Plano de Intervenção
· Disponibilização de informação relativa ao SA, aos pais, educadores e instâncias educacionais;
· Planificação de estratégias a implementar a vários níveis
o Pais:
§ Ensinar a iniciar, manter e terminar a interacção social;
§ Explicar tudo aquilo que a criança deveria ter feito
§ Encorajar a presença de um amigo brinque com a criança em casa;
§ Inscrever a criança em clubes;
o Educadores:
§ Promover jogos de cooperação e competição;
§ Servir de Modelo de Relação com a criança;
§ Supervisionar os intervalos escolares;
o Terapeutas:
§ Criar grupos de “capacidades sociais” nos quais se representam, por exemplo, comportamento sociais inadequados pedindo-se em seguida aos alunos que os identifiquem.
· Terapêutica específica:
o Fluoxetina - situações de depressão, ansiedade ou obsessão concomitantes;
o Metilfenidato - situações de desatenção;
o Buspirona/carbamazepina - situações de agressividade ou comportamento auto-punitivo.

Curiosidades
Personalidades com S. A.
Pensa-se que alguns indivíduos, a que normalmente chamamos “crânios” ou “super-inteligentes” tenham sido afectados por esta síndrome, nomeadamente, Alfred Hitchcock, Howard Hughes, Andy Warhol, Woody Allen, Bob Dylan, Bill Gates, Keanu Reeves, Mark Twain, Vincent Van Gogh, Albert Einstein, Henry Ford, Franz Kafka, Isaac Newton e Friedrich Nietzsche.

sábado, 17 de novembro de 2007

Perturbações Alimentares



Caros leitores, como sabem, o tema do nosso trabalho engloba perturbações do desenvolvimento, por isso, decidimos partilhar convosco um texto sobre algumas perturbações alimentares. Esperemos que gostem.




Anorexia Nervosa
• Recusa em manter um peso corporal normal para a idade e altura:
– perda de peso maior que a necessária para manter um peso de 85% do esperado
– incapacidade em ganhar o peso esperado para o crescimento, ficando aquém de 85% do previsto.
• Medo de ganhar peso ou ficar gordo, apesar da magreza excessiva;
• Perturbação na apreciação do peso e forma corporal, influência exagerada do peso e forma corporal na auto-avaliação, ou negação da gravidade do emagrecimento;
• Subtipos:
• Tipo restritivo - durante o episódio não recorre à ingestão compulsiva de alimentos nem a purgantes (ex. vómito ou laxantes, diuréticos e enemas);
• Tipo Ingestão Compulsiva /Tipo Purgativo - durante o episódio tem comportamentos bulímicos ou purgativos

Bulimia

• Episódios recorrentes de ingestão alimentar compulsiva, com dois critérios:
– Comer, num período de tempo, uma quantidade de alimentos superior ao normal (num mesmo tempo e circunstâncias).
– Sensação de perda de controlo sobre o acto de comer (incapacidade para parar ou controlar a quantidade e qualidade dos alimentos).
• Comportamento compensatório inapropriado recorrente para impedir o ganho (vomitar; laxantes, diuréticos, enemas ou outros medicamentos; jejum; ou exercício físico excessivo).
• A auto-avaliação está associada ao peso e forma corporais.
• A perturbação não ocorre exclusivamente durante os períodos de anorexia nervosa.
• Subtipos:
• Tipo purgativo: Durante o episódio actual induz regularmente o vómito ou usa laxantes, diuréticos ou enemas.
• Tipo não purgativo: Durante o episódio actual usa outros comportamentos compensatórios inapropriados, tal como jejum ou exercício físico excessivo, mas não induz o vómito ou faz uso de laxantes, diuréticos e enemas.
Pica
Ingestão persistente de substâncias não nutritivas em períodos superiores a 1 mês (cordas, tinta, cabelo, etc.).
• A ingestão é inadequada ao seu desenvolvimento.
• Não faz parte de práticas sancionadas culturalmente.


Mericismo
• Regurgitação (refluxo) e mastigação repetidas, em períodos superiores a 1 mês após período de funcionamento normal.
• Não devido à associação de doença gastrointestinal ou outro estado físico geral;

Perturbação do Comportamento Alimentar
• Dificuldade persistente em se alimentar adequadamente, com uma incapacidade de aumentar de peso ou com perdas de peso em períodos superiores a 1 mês.
• Não devida à associação de doença gastrointestinal ou outro estado físico geral (ex. refluxo esofágico).
• Não é melhor explicada por outra perturbação mental (por exemplo mericismo) ou por falta de alimentos disponíveis.
• O início é anterior aos 6 anos de idade.

Vómitos Cíclicos
• Descrito em 1882;
• Vómitos cíclicos periódicos ou recorrentes;
• Início súbito (noite).


Mais uma vez, os nossos agradecimentos pela atenção e pelo tempo dispensado,


GEBRA

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Logotipo

Vimos por este meio avisar todos os leitores que o tempo de votação para o nosso logótipo já acabou. O logótipo escolhido foi o segundo.
Agradecemos a todos os participantes e leitores, que nos têm ajudado na divulgação e concretização do nosso projecto, ainda no início.

Os nossos cumprimentos,
GEBRA

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Entevista a Educadora de Infância

Decidimos partilhar convosco um entrevista que fizemos a uma educadora de infância. Estávamos curiosas para saber como as crianças se portavam no infantário e qual a influência do meio familiar na vida escolar e como se integram as crianças com défices.
Entrevista
O nosso trabalho trata do desenvolvimento cognitivo e comportamental humano desde a concepção até à adolescência.
No âmbito da área curricular não disciplinar de área de projecto, decidimos realizar este inquérito a uma educadora de infância para nos ajudar a perceber os diferentes desenvolvimentos cognitivos e comportamentais, isto porque a variedade é inerente à espécie humana.

1. O que a levou a escolher a sua profissão?
É de salientar que foi desde adolescente, a minha primeira escolha. Sempre gostei de trabalhar com crianças e para elas. Sendo cada criança um caso, a diversidade de personalidades e comportamentos que iriam surgir, obrigar-me-iam, decerto, a actualizar conhecimentos e adaptar a minha prática pedagógica o que poria de parte a eventual monotonia inerente a outras profissões.

2. Com que tipo de crianças lida diariamente?
Ao longo de 25 anos de serviço já trabalhei em diferentes meios. Há 8 anos, trabalho num bairro problemático na periferia de Lisboa. São crianças simpáticas, com grande vontade de aprender mas que apresentam dificuldades no cumprimento de regras. Integrando na sua maioria, famílias destrutoradas e vivendo em condições precárias, as suas atitudes reflectem-se em comportamentos agitados e num baixo nível de poder de concentração o que dificulta a aquisição de hábitos, regras e novos conhecimentos.

3. Alguma vez notou o isolamento de alguma criança?
Sim, varias vezes. O isolamento é um comportamento característico de uma criança que sofre e que não consegue exprimir-se de outra forma. É o sinal de que algo se passa. É necessário estarmos atentos a todos os sinais diferentes que a criança nos tenta transmitir para rapidamente podermos agir, interrogando a família, tentando “diagnosticar” o problema e encaminhando-a da melhor forma possível.

4. Com que tipo de crianças problemáticas lidou ao longo da sua profissão?
Além de problemas físicos ( visuais, motores) já trabalhei com crianças que lhes foi diagnosticado quadros de hiperactividade, síndrome de down e mais recentemente um espectro autista. Neste meio é frequente as crianças apresentarem graves perturbações comportamentais/emocionais, o que condiciona também o seu desenvolvimento a todos os níveis.

5. A essa idade (3-5 anos) já se nota alguma diferença comportamental e social entre essas crianças e as ditas “normais”?

Sem dúvida. É essencialmente nestas idades e até numa intervenção ainda mais precoce, que é feito o despiste e o eventual encaminhamento dessas problemáticas.


6. De que modo avalia o desenvolvimento cognitivo e comportamental dos seus alunos?
Através da ficha de diagnostico preenchida no início do ano lectivo. São também realizadas fichas de avaliação, duas vezes por ano, em que vários parâmetros das diferentes áreas estão contemplados.
Em caso de dúvida, recorremos ao apoio da educadora do ensino especial que por sua vez, e se achar necessário, recorre à avaliação de uma psicóloga.

7. O infantário onde trabalha possui alguma unidade de ensino especial?
Temos um trabalho de parceria com alguns técnicos da CERCI de Lisboa que nos apoiam semanalmente.

8. Se sim, de que modo é que essa unidade ajuda as crianças com dificuldades?
É um apoio essencial, visto abranger varias valências. Semanalmente temos apoio em terapia da fala, hidroterapia, psicomotricidade, psicologia e educação social. Excepto a hidroterapia, todas as outras sessões se realizam nos espaços do jardim-de-infância.
Estando o jardim-de-infância inserido num bairro com poucos recursos, seria difícil as crianças poderem deslocar-se aos diferentes centros. Assim, este projecto beneficia o desenvolvimento, nas diferentes áreas, das crianças por ele abrangidas.

9. Há diferenças visíveis entre as crianças com dificuldades/perturbações e as outras ditas “normais”?
De uma maneira geral existem diferenças. Mas, sendo cada caso um caso não podemos nunca generalizar.

10. Nota nas crianças a influência dos pais problemáticos (alcoólicos, drogados)?
Nunca podemos dissociar a criança do seu meio familiar. A criança transporta toda a carga familiar quer esta seja positiva ou negativa. Todos estes desvios comportamentais por parte dos familiares das crianças, são vividos e encenados pela própria através do jogo simbólico.
O seu comportamento desenvolvimento harmonioso é condicionado, sem dúvida por todos estes factores.

11. Qual a criança que a marcou mais? Porquê?
Não tenho nenhuma em particular, mas todas as crianças que no meu grupo apresentam Necessidades Educativas Especiais (NEEs) exigem de mim um estudo mais aprofundado e uma atenção redobrada.
A sua permanência no jardim-de-infância geralmente é prolongada (é pedido um adiamento da escolaridade) o que implica um maior envolvimento e aprofundamento da problemática e inevitavelmente um relacionamento afectivo mais intenso quer com a criança quer com a família.

12. Como é que os outros ditos “normais” lidam com as outras crianças com perturbações? Como é que lhes explica que os outros são diferentes e como é que eles reagem?
Sem haver necessidade de grandes explicações o grupo no geral, consegue aperceber-se das diferenças. Têm uma atitude de inter ajuda e de protecção desde que a criança não revele comportamentos agressivos. Notam que o seu desenvolvimento se desenrola num ritmo mais lento e por isso tentam ajudá-la.
Muitas vezes esta super protecção tem de ser contrariada para que a criança por si só possa fazer as suas descobertas e tornarem-se mais independentes.
Nos casos de distúrbios comportamentais em que o não cumprimento de regras e a agressividade estão presentes, a aceitação pelo grupo é mais difícil o que exige um trabalho sistemático e contínuo, acentuando os pontos positivos, quer junto do grupo quer com as famílias.

Esoeramos que tenham ficado esclarecidos e que tenham aprendido tanto como nós com esta entevista.

Os nossos cumprimentos,

GEBRA


Visita ao Diferenças


Caros leitores, após alguns dias de ausência, estamos de volta. Decidimos paratilha convosco a nossa experiência: ontem, dia 6 de Novembro, fomos ao Centro de Desenvolvimento Diferenças.


Aos seis dias do mês de Novembro do ano de dois mil e sete, o nosso grupo (GEBRA) realizou uma visita de estudo ao centro de desenvolvimento infantil “Diferenças” que se situa no centro comercial da Bela Vista.

Esta visita de estudo realizou-se no âmbito da área curricular não disciplinar de Área de Projecto e, uma vez que o nosso tema engloba os problemas relacionados com o desenvolvimento infantil, achámos que nada seria melhor do que assistir a duas consultas: uma de psicologia e outra de pediatria.
Assistimos à consulta de um menino de sete anos chamado Carlos que tinha dislexia, problemas na fala (gaguez) e um problema no espectro de autismo. O méto
do utilizado na escola para aprender a ler era o “método das 28 palavras”, o qual consiste na descoberta de novas palavras a partir das sílabas fónicas dessas 28 palavras. Contudo, as crianças com dislexia não conseguem distinguir os sons (por exemplo, a criança confundia a fonética do “E” e do “F”). Deste modo, para que as crianças com dislexia consigam aprender a ler, são utilizados métodos específicos, tais como:
· Ensinar os sons e a sua junção para formar palavras.
· Utilização de sinais, truques para facilitar a leitura (por exemplo, dizia-se que o “A” era morto na palavra tia, ou então utilização de símbolos para quando
o “O” se lia “U”.
· Aprendizagem do alfabeto chamando atenção não só para o nome da letra, bem como para o seu som.
As crianças com dislexia também têm problemas com a memória, por isso, de modo a estimulá-las, a psicóloga utilizava cartões onde estavam escritas letras (ex: OAM). O paciente dizia alto o som das letras e, seguidamente a psicóloga esconde o cartão para que a criança procure essas letras no abecedário de modo a construir palavras com o objectivo de lê-las posteriormente (amo, mão).
Para tornar estas consultas mais dinâmicas e interessantes, visto que a criança tem uma perturbação do espectro de autismo, no início da sessão o p
aciente escolhe as actividades que irá realizar. Se o Carlos se portar bem, recebe um autocolante por cada tarefa concluída com sucesso, como prémio. Esta foi a maneira que a psicóloga arranjou para controlar o seu comportamento.
Na consulta de pediatria, o Tiago da Silva de treze anos tinha hiperactividade com défice de atenção, alguma impulsividade (agindo sem pensar), de repente davam com ele a pensar na “morte da bezerra”. Primeiramente, procedeu-se à avaliação do comportamento. Na sala de aula, a professora diz que o Tiago está completamente distra
ído; a mãe disse que o seu filho não tinha algumas disciplinas no caderno após três semanas de aulas; o seu comportamento no recreio é normal e não demonstra qualquer agressividade para com os colegas ou professores; tem um bom comportamento em locais públicos; em casa é respondão; possui apetite e sono normais; não possui dores de cabeça, medos excessivos, tiques e irritabilidade.
Seguidamente iniciou-se a avaliação do seu rendimento na escola. No ano passado começou com uma só negativa, aumentando para seis no segundo período e acabando com três no terceiro.

A consulta acabou com a elaboração de um plano novo de medicação. O doente passou a tomar Rubifen 10 que tem quatro horas de efeito. Deve tomar ao pequeno-almoço, almoço e lanche sempre que a seguir tenha aulas, apoios ou estudos.
Esta visita de estudo ajudou-nos a compreender melhor a realidade das dificuldades das crianças com problemas. Saber que uma criança com dislexia necessita mais de cinco meses para aprender o alfabeto e os sons das letras de modo a formar palavras, foi chocante. Ainda para mais, sabendo que essas crianças não têm culpa de
ser o que são e não tiveram qualquer escolha no assunto
Concluímos esta visita de estudo com o visionamento de dois filmes de trissomia 21, que procuravam sensibilizar os espectadores para o problema e o sofrimento dos pais quando se deparam com um filho diferente que têm de cuidar para toda a vida.
Finalizámos a visita às onze horas e quarenta e cinco minutos da manha e achámos que foi muito benéfica!
Aqui estão algumas fotografias tiradas durante este nosso trabalho de campo:







segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Votação

Olá a todos!
O nosso grupo - GEBRA - está indeciso quanto ao seu logotipo e por isso, pedimos a vossa ajuda! Iremos expor aqui no blog as várias hipóteses e gostariamos que nos deixassem a vossa opinião sobre o que gostam mais. Agradecemos a vossa disponibilidade!










Mais logotipos irão ser expostos, pedimos que aguardem e, claro, que votem.
Propomos o seguinte esquema de votação: 1 e o primeiro logotipo, 2 o segundo e 3 o terceiro. Não se esqueçam de que deve ser anónimo!

O início do começo

No âmbito da área curricular não disciplinar de Área de Projecto, eu e o meu grupo realizámos investigações sobre o tema escolhido em aulas anteriores : Pediatria e Obstretricia, mais especificamente, o desenvolvimento do feto e do ser humano até à adolescência. Como este assunto é bastante vasto, decidimos que cada uma de nós iria tratar de temas específicos e dentro deles, abordávamos os assuntos que achassemos mais interessantes e apelativos. Eu incidi a minha pesquisa no desenvolvimento fetal – desde a concepção até ao parto, pois é aqui que se inicia a vida.
Muito resumidamente, aqui estão alguns dos assuntos que irão ser abordados:
  • Fecundação (processo através do qual a célula sexual masculina se une com a feminina, de modo a criarem um ovo do qual nascerá o novo ser)
  • Sinais da gravidez (tanto físicos como hormonais)
  • Modos de confirmar a gravidez (testes convencionais e mais técnicos)
  • Mudanças na vida sexual
  • Desenvolvimento físico e psicológico do feto
  • O pai e o bebé
  • Complicações durante a gravidez e o seu diagnóstico e tratamento (tais como aborto espontâneo, anemia, incompatibilidade de Rh, etc.)
O meu trabalho ainda está a ser concluído e exporei a minha pesquisa completa quando tiver tudo organizado. Acredito que este blog será uma mais valia e uma grande ajuda para todos aqueles que desejarem ter filhos ou compreender a sua origem. Nunca é demais querer o melhor para o seu futuro filho!
Espero que gostem.

Filipa Cardoso

O início do começo

No âmbito da área curricular não disciplinar de Área de Projecto, eu e o meu grupo realizámos investigações sobre o tema escolhido em aulas anteriores : Pediatria e Obstretricia, mais especificamente, o desenvolvimento do feto e do ser humano até à adolescência. Como este assunto é bastante vasto, decidimos que cada uma de nós iria tratar de temas específicos e dentro deles, abordávamos os assuntos que achassemos mais interessantes e apelativos. Eu incidi a minha pesquisa no desenvolvimento fetal – desde a concepção até ao parto, pois é aqui que se inicia a vida.

sábado, 27 de outubro de 2007

"A Outra Margem"


Recomendamos a todos os leitores, principalmente aos mais interessados em cinema, o filme A Outra Margem, de Luís Filipe Rocha, com Filipe Duarte e Maria d’Aires. É o drama de um travesti que perdeu o sentido da vida e que e ajudado por um rapaz, seu sobrinho, portador de síndrome de Down. A duração é de 106 minutos.
Este filme aborda os problemas de desenvolvimento que, muitas vezes, isolam as pessoas diferentes na sociedade. Mas temos de perceber que elas não têm culpa, simplesmente nasceram assim. É nosso dever, ou melhor, nossa obrigação ajudá-las. Este filme ajuda-nos a perceber as dificuldades por que muitos passam.
Estamos a pensar levar a nossa turma ao cinema. Pedimos aos leitores que nos deixem a sua sincera opinião.

Para mais informações: www.clapfilmes.pt/aoutramargem

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Nota Introdutória

Caros leitores, este blog surge no âmbito da área curricular não disciplinar área de projecto, que tem como objectivo a promoção do trabalho em grupo ao longo do ano e a dinamização de um projecto de preparação para a universidade, de acordo com o curso que cada aluno pretende seguir. O nosso grupo é constituído por quatro elementos, da turma do 12 C.T. do Externato Fernando Pessoa: Filipa C., Margarida G., Margarida F. e Maria João P.. Futuramente, indentificar-nos-emos por GEBRA (Grávidas, Embriões, Bebés, Reguilas e Adolescentes).
Visto que todas queremos seguir cursos relacionados com a área da saúde, nomeadamente a pediatria, o tema escolhido foi o desenvolvimento do ser humano, desde a concepção até ao fim da adolescência. Abordaremos assuntos mais específicos, tais como: fecundação; desenvolvimento intra-uterino; parto; desenvolvimento saudável do bebé, da criança e do adolescente. Além disso, vamos incidir a nossa pesquisa sobre alguns problemas de desenvolvimento, síndromas que afectam o normal desenvolvimento do ser humano, como a trissomia21, o síndrome de Williams ou perturbações de aprendizagem.
Tentaremos fazer, pelo menos, uma entrada por semana neste blog. Esperamos corresponder às expectativas dos curiosos e dos interessados na matéria.
Os nossos sinceros cumprimentos a todos os leitores assíduos,
Margaridas, Filipa e Maria João