segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Tiques

Caros leitores, após uma discussão amena entre os membros do grupo, decidimos introduzir um texto sobre tiques. A maior parte das pessoas apresenta alguns tiques característicos. A questão reside em saber se podem, ou não, constituis uma patologia de desenvolvimento. è disso que vamos tratar.

Entre 20 e 24% do total de crianças em fase escolar têm tiques. As causas podem ser consequências de uma somatização de angústias psíquicas ou até mesmo de uma sequência de acontecimentos traumáticos e é mais comum na infância. Entre outras causas, esses tiques podem ter início na sequência de acontecimentos traumáticos, como uma dramática separação de casais; a morte de algum ente querido; a mudança de escola ou mesmo de cidade (em que se deixa para trás as pessoas de convívio diário); o nascimento de um irmão, ou ainda quando a criança é submetida a uma presença amedrontadora. O distúrbio surge por volta dos sete anos de idade, mas esse evento pode variar dos dois aos quinze anos. No caso dos meninos, pode ocorrer entre os cinco e oito anos, e nas meninas, na adolescência. Os pais devem ficar bem atentos para evitar que as manias não evoluam para Transtornos Obsessivos Compulsivos (TOC).
Os tiques podem ser classificados como motores e vocais e são movimentos involuntários, rápidos, repetitivos e estereotipados, que surgem de maneira súbita e não apresentam ritmo determinado. A intensidade dos movimentos é variável. Alguns são quase imperceptíveis, outros, bastante complexos, como saltos ou fortes latidos. Há também casos em que são "camuflados" em atitudes corriqueiras, como afastar o cabelo do rosto ou ajeitar a roupa (neste caso, só são reconhecidos por seu carácter repetitivo). Piscar os olhos continuamente, fazer caretas faciais, movimentos com o nariz e boca, repuxar o pescoço, franzir a testa, trincar os dentes, estalar a mandíbula, levantar os ombros, ou mexer outras partes do corpo, como também coçar a garganta, fungar e emitir algum som são os sinais mais frequentes de quem apresenta Distúrbio de Tique Transitório, que se não for tratado, pode evoluir para Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC).
Pais muito rígidos ou hiper protectores costumam contribuir para o aparecimento de tiques e manias nos seus filhos que, em geral, demonstram ansiedade, fragilidade emocional, insegurança e medo.
Os pacientes que apresentam o distúrbio conseguem evitar os tiques, porém, com esforço e tensão emocional.. Os tiques costumam desaparecer durante o sono ou durante actividades que exijam concentração. Por outro lado, factores como o stress, a fadiga, a ansiedade e a excitação aumentam a intensidade dos movimentos característicos.
Para lidar com os pacientes, vítimas do distúrbio, os pais devem ter muita paciência, compreensão e carinho com a criança e nunca recorrer à violência. É necessário ter a consciência de que se trata de um acto involuntário, um transtorno psiquiátrico e que necessita de tratamento. O tratamento deve ser realizado por meio de psicoterapia e de medicação.
Na maioria dos casos, essas manifestações são dissipadas ao longo do tempo. Calcula-se que um terço dos pacientes apresente remissão completa no fim da adolescência, o outro terço melhora dos tiques e o restante provavelmente continuará com o problema inalterado durante a vida adulta.
Os pais devem estar bastante atentos ao aparecimento de toda e qualquer manifestação de tique infantil. Caso os tiques não sejam tratados ou permaneçam por um longo período, podem evoluir para Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC).
Transtorno Obsessivo Compulsivo
As "manias", alguns tiques e pensamentos "absurdos" que não saem da cabeça podem fazer parte do quadro de Transtorno Obsessivo Compulsivo, conhecido como TOC. Embora esse quadro tenha geralmente início na adolescência ou começo da idade adulta, pode aparecer na infância de forma tão comum quanto em adultos. A idade de início costuma ser um pouco mais precoce nos homens.
A causa do Transtorno Obsessivo Compulsivo ainda é desconhecida. O TOC é provavelmente resultante de factores causais diferentes. Algumas formas de TOC são familiares (por exemplo, o Síndrome de Tourette) e podem estar associadas a uma predisposição genética. O TOC de início precoce, está associado com uma preponderância masculina e um risco aumentado de transtorno de tiques.
Como identificar o TOC infantil?
Para suspeitar-se do TOC, os pais devem tentar identificar nos seus filhos algumas lesões cutâneas devido à lavagem excessiva das mãos, gasto excessivo de sabão e papel toalha, trejeitos e tiques, tempo gasto em demasia para a realização das tarefas (de casa e da escola), buracos nos cadernos ocasionados por apagar seguidamente, solicitação exagerada para familiares responderem à mesma pergunta, medo persistente e absurdo de doenças, aumento excessivo na quantidade de roupas para lavar, demora para preparar a cama, medo persistente de que algo terrível aconteça aos outros, preocupação constante com a saúde dos familiares, entre outros.

Epidemiologia:5-10 anos de idade
M/F - 3 a 4 vezes superior
4 a 5/10000

Os Critérios classificativos são: Perturbação de Tique Transitório, Perturbação de Tique, Motor Crónico ou Vocal, Síndrome de Gilles de la Tourette, Perturbação de Tiques sem Outra Especificação.

Tique transitório:

· Tiques motores e/ou vocais simples ou múltiplos
· Muitas vezes durante o dia, quase todos os dias ( 4 semanas) não mais de 12 meses consecutivos
· Antes dos 18 anos
· Perturbação social, ocupacional e noutras áreas de funcionamento


Tique Crónico:

· Tiques motores ou vocais simples ou múltiplos (mas não ambos)
· Durante um período de mais de um ano (sem intervalo livre superior a 3 meses)
· Antes dos 18 anos
· Perturbação social, ocupacional e noutras áreas de funcionamento.
Síndrome de Gilles de la Tourette:
• Múltiplos tiques motores e um ou mais tiques vocais
• Durante um período de mais de um ano (sem intervalo livre superior a 3 meses)
• Antes dos 18 anos
• Perturbação social, ocupacional e noutras áreas de funcionamento

Tiques sem outra especificação:

• Não preenchem critérios de perturbação específica
• Duração de, pelo menos, quatro semanas
• Início depois dos 18 anos
Mais uma vez, esperamos ter correspondidos às vossas expectativas e agradecemos todo o tempo e atenção dispensados no nosso blog,
GEBRA

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Impulsividade/Desinibição Comportamental

Caríssimos leitores, hoje decidimos deixar-vos um pequeno texto sobre um outro problema de desenvolvimento: impulsividade, como já devem ter reparado pelo título! Esperemos que gostem!

A impulsividade pode ser definida como o fracasso na inibição de comportamentos (Lopes, 2004). A impulsividade é uma característica normal que faz parte do desenvolvimento da infância. É mais acentuada no período pré-escolar, sendo substituída por um controlo dos impulsos e pela reflexão sobre as situações à medida que a criança se vai desenvolvendo (Cruz, 1987; Sonuga, 1988 cit. por Lopes, 2004).

A impulsividade é uma característica central na DHDA e manifesta-se por impaciência, responder antes de ouvir a parte final da pergunta, dificuldade em esperar pela sua vez, interromper os outros, dificuldade em seguir instruções, fazer comentários inoportunos, partir objectos sem querer ou mexer nas coisas dos outros (APA, 1994).

As crianças impulsivas têm mais tendência para sofrer acidentes, pois envolvem-se em actividades perigosas sem pensar no perigo. Desistem facilmente das tarefas e preferem actividades de recompensa imediata a actividades cuja recompensa só surge a médio ou longo prazo (Lopes, 2004).

A impressão que estas crianças deixam nos outros é que são irresponsáveis, mal-educadas, imaturas e difíceis de aturar (Lopes, 2004).

Deve estar presente antes dos 7 anos de idade

A agitação, a falta de atenção e a impulsividade são características normais das idades mais precoces do nosso desenvolvimento. Por esta razão, utilizou-se como critério de diagnóstico os 7 anos de idade, pois a partir desta fase já se espera uma certa maturidade na inibição do comportamento e aumento da atenção.

Os sintomas devem estar presentes em pelo menos duas situações (por exemplo, na escola e em casa)

Apesar de estarem presentes em várias situações, os sintomas agravam-se em situações que exigem atenção ou esforço mental constante (ouvir os professores durante as aulas, fazer o TPC, ler textos extensos, realizar tarefas monótonas ou repetitivas). As situações de grupo também estão frequentemente associadas ao agravamento dos sintomas (APA, 1994).

Em certas situações os sintomas podem parecer inexistentes, especialmente quando a criança está num novo contexto. Numa relação dual, quando realiza actividades apelativas e interessantes e quando recebe recompensas pelo comportamento adequado (APA, 1994).

Os comportamentos interferem no funcionamento e académico da criança.

Os resultados académicos destas crianças são insatisfatórios, o que gera conflitos com os professores e com a família. As crianças com DHDA que não são tratadas, muitas vezes acabam por abandonar os estudos (APA, 1994).

A DHDA tem três sub-tipos: Tipo Combinado (a maior parte das crianças com DHDA apresenta uma combinação de sintomas de hiperactividade e desatenção); Tipo Predominantemente Desatento (maior quantidade de sintomas de desatenção) e Tipo Predominantemente Hiperactivo-Impulsivo (maior quantidade de sintomas de hiperactividade-impulsividade).

Etiologia


As causas que estão relacionadas com o aparecimento do DHDA são ainda hoje desconhecidas. Existem diversas investigações sobre este tema, mas os resultados são ainda considerados inconclusivos. Não é possível ainda determinar as causas do DHDA, sendo apenas possível falar de factores de risco. Estes factores podem ser:

Ambientais
Consideram-se factores ambientais o consumo de substâncias durante a gravidez (álcool e tabaco) e a exposição ao chumbo (especialmente se a exposição ocorreu entre os 12 e os 36 meses de idade). Estes factores, só por si, não explicam a origem do DHDA (Barkley, 2000 cit. por Lopes, 2004).

Desenvolvimento Cerebral
Considera-se que a origem do DHDA está relacionada com alterações no curso do desenvolvimento do cérebro da criança e que estas crianças apresentam uma deficiência no mecanismo da dopamina (a dopamina é um neurotransmissor que está relacionado com a inibição comportamental e auto-controlo) nas áreas pré-frontais do córtex. Foi demonstrada a eficácia da medicação estimulante na normalização desta deficiência (Lopes, 2004).

Hereditariedade

O papel da hereditariedade está confirmado por diversos estudos. Ao longo da década de 90 os estudos sugeriam que a hereditariedade poderá explicar entre 50 a 97% das características do DHDA. Considera-se que não existe um gene responsável (Lopes, 2004).

Apesar de ser evidente a importância dos factores fisiológicos na origem da DHDA, não podemos esquecer que a criança com DHDA gera no seu ambiente uma série de reacções e conflitos que podem ter um carácter patológico. Nos casos em que existe psicopatologia familiar o distúrbio torna-se ainda mais grave (Toro, 1998).


Como se Realiza o Diagnóstico?


Por vezes, os professores sentem-se confusos, pois não sabem como confirmar suspeitas de DHDA. Existem sinais que podem ajudar a identificar uma criança hiperactiva.


Sinais de Alerta

· O aluno parece estar aquém das suas capacidades intelectuais.
· Apresenta um nível inapropriado de atenção, em comparação com outras crianças da mesma idade.
· Tem dificuldade em seguir instruções.
· Aparenta não ouvir o que lhe é dito.
· Demora muito tempo a fazer os testes, pois tem dificuldade em abstrair-se dos barulhos e de outros estímulos.
· Tem tendência para perder objectos importantes (vestuário, material escolar, etc.).
· É impulsivo.
· Tem dificuldade em pôr em prática tarefas que requerem planeamento.
· Corre em locais inapropriados, sobe aos móveis.
· Responde fora do contexto, interrompe os outros quando deveria estar calado e fala demasiado, mas sem conseguir manter o fio do discurso.
· Tem dificuldade em esperar pela sua vez.
· Não consegue ficar sossegado, custa-lhe ficar sentado.
· Coloca a culpa nos outros.
· Apresenta dificuldades na relação com familiares, amigos e/ou professores.

Se a criança apresentar a maior parte dos sinais referidos, o primeiro passo que o professor deve dar é informar a família. Depois é importante que a criança seja encaminhada para um técnico de saúde mental, para ser avaliada e para que o tratamento seja iniciado o mais rapidamente possível.

O diagnóstico do DHDA deve compreender as seguintes etapas:

Entrevista com a criança, realizada por um psicólogo, médico ou técnico com formação nesta área

A entrevista com a criança é essencial para a realização do diagnóstico. É importante que o psicólogo tenha em conta que o comportamento da criança quando está dentro do gabinete pode ser muito diferente do comportamento noutros contextos. Estar com um psicólogo ou um médico num gabinete é uma situação nova e, neste tipo de situações, as crianças com DHDA têm tendência a ser colaborantes e a ter um comportamento adequado (Lopes, 2004).

Nesta entrevista a criança é convidada a falar sobre a razão porque está ali. Se a criança não souber responder, é-lhe dada uma breve explicação sobre o problema. São colocadas questões sobre seu dia-a-dia, os seus interesses, relação com amigos e adultos, forma como organiza o material escolar e tarefas, forma como lida com horários, etc (Lopes, 2004).

Entrevista com os pais

Segundo Lopes (2004), a entrevista com os pais tem os seguintes objectivos:

1- Estabelecer uma relação com os pais, que será importante depois para a adesão ao tratamento;
2- Obter informações sobre o comportamento da criança;
3- Avaliar a forma como a família encara o problema;
4- Obter informação sobre a relação pais-criança (se a criança estiver presente);
5- Permite focalizar o problema em aspectos do presente (evitar dar demasiada importância aos erros do passado);
6- Permite iniciar logo a intervenção, dando indicações aos pais;
7- Permite ser um espaço onde os pais podem falar dos seus medos e frustrações, onde o psicólogo desdramatiza a situação e procura evitar que se sintam culpados;
8- Permite o estabelecimento da aliança terapêutica com os pais.

São investigados aspectos como o momento em que se iniciaram os sintomas, a reacção dos pais ao comportamento da criança, problemas médicos e psicológicos da criança, história do desenvolvimento, familiares com problemas idênticos, relação da criança com irmãos e pares, relação com a escola, professores e tarefas escolares, linguagem, hábitos de organização (Lopes, 2004; Phellan, 1991; Wright, 1995).

Exame médico

Elaboração do Diário do Comportamento do Aluno

O professor pode medir o comportamento desadequado do aluno, com a ajuda de um diário comportamental.

O objectivo é medir a variabilidade do comportamento da criança ao longo dos dias. Este instrumento pode ser útil na realização do diagnóstico e na monitorização do impacto da intervenção do professor na mudança de comportamento do aluno. Pode também ser utilizado para avaliar se a medicação está a ser eficaz na mudança do comportamento na sala de aula (Wright, 1995). Um exemplo desta escala pode ser observado em anexo.

Preenchimento de questionários pelos professores e pais

Entrevista com o professor

O professor é a pessoa que tem mais conhecimento sobre o funcionamento do aluno na sala de aula, por isso poderá responder a algumas questões consideradas importantes para o estabelecimento do diagnóstico (Lopes, 2004; Wright, 1995):

- Irrequietude e imaturidade
- Funcionamento do aluno na sala de aula
- Capacidades académicas do aluno
- Organização dos materiais
- Cumprimento dos TPC
- Hábitos de trabalho
- Qualidade de relações com os pares
- Problemas de comportamento (Quais são os comportamentos desadequados? Que situações costumam despoletar esses comportamentos? Que estratégias costumam contribuir para a diminuição desses comportamentos?)
- Comportamentos agressivos
- Impulsividade
- Motivação para a aprendizagem
- Aspectos positivos do comportamento do aluno
- Cooperação do aluno com os professores e com os colegas
- Estratégias utilizadas pelos professores para lidar com o problema.

Observação Directa da Criança

Após terem sido realizadas as entrevistas aos pais e aos professores, o psicólogo selecciona comportamentos para observar na sala de aula (por exemplo, “actividade motora excessiva”, “falar excessivamente”, “não cumprir tarefas solicitadas pelo professor”. A observação deve ser realizada pelo menos duas vezes, em dois dias diferentes, e durante pelo menos 20 minutos. Este tipo de avaliação de comportamentos vai permitir distinguir com mais facilidade o DHDA de características normais do desenvolvimento da criança (Wright, 1995).

Tratamento

As formas de tratamento mais utilizadas são a medicação e a psicoterapia da criança. A intervenção é também alargada a pais e professores.

O fármaco mais utilizado é o metilfenidato (Ritalina), que é um estimulante que inibe a impulsividade e reduz a hiperactividade, melhorando os níveis de atenção. Faz-se acompanhar por efeitos secundários, por isso a sua administração deve estar sempre sob constante vigilância. Os principais efeitos secundários são a insónia e a falta de apetite.

As técnicas cognitivo-comportamentais são consideradas as mais eficazes no tratamento do DHDA, contribuindo para uma maior interiorização das normas, maior planificação das tarefas e maior auto-controlo. Estas técnicas obtém os seus melhores resultados quando combinadas com o tratamento farmacológico, (Toro, 1998).

É importante que o psicólogo trabalhe também com os pais. O psicólogo entende que é difícil ser pai e mãe de uma criança com DHDA e mostra aos pais que é normal que tenham este sentimento. O psicólogo procura esclarecê-los acerca dos problemas do filho e trabalha a desculpabilização, tanto dos pais como do filho. Ter um filho com DHDA pode originar problemas na relação conjugal, por falta de tempo para o casal ou mesmo porque por vezes os pais culpam-se um ao outro, procurando um responsável para o comportamento desadequado do filho. O psicólogo deve ajudá-los a entender que estas recriminações e conflitos em nada ajudam na resolução do problema, podendo mesmo agravar o comportamento da criança.

O papel da escola é de extrema importância e o comportamento do professor perante a criança com DHDA influencia certamente o sucesso do tratamento. Após terem sido colocados em prática todos os procedimentos de avaliação e após ter sido confirmado o diagnóstico de DHDA os professores colocam frequentemente a seguinte questão: quando uma criança é diagnosticada com DHDA quais serão as modificações que terei de fazer no meu modo de ensinar para que os seus resultados escolares e comportamento melhorem?

Para professores que têm turmas com elevado número de alunos não é tarefa fácil lidar com alunos hiperactivos e desatentos. Por isso, é natural que se sintam desmotivados e sem saber o que fazer.

Em seguida, serão apresentadas várias estratégias a pôr em prática na sala de aula que podem contribuir positivamente para o tratamento destas perturbações. As sugestões apresentadas apoiam-se numa revisão de literatura recente sobre intervenção em contexto escolar e destinam-se a professores que tenham alunos diagnosticados com DHDA ou que manifestem apenas alguns sintomas. Algumas estratégias são destinadas a crianças mais novas e outras a adolescentes. Os princípios educativos, a estrutura interventiva e os esquemas de encorajamento são válidos para todos.

É importante ter em conta que a adopção de todas estas estratégias requer a existência de condições para as concretizar, dispêndio de tempo e adaptação de modos de ensinar. Também é importante referir que os efeitos produzidos nem sempre são imediatos e que a intervenção no aluno com DHDA exige muita persistência e paciência. O plano de acção estabelecido pelos professores terá que ser consistente e prolongado. Exige também que os restantes membros da equipa (técnicos de saúde, pais e criança) participem activamente e estejam disponíveis para comunicar entre si.

Os nossos agradecimentos, GEBRA

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Hiperactividade com Défice de Atenção

Caros leitores, como já devem ter reparado, decidimos deiar o assunto do parto de lado. Hoje, vamos incidir sobre uma perturbação do desenvolvimento: hiperactividade com défice de atenção.
Esperamos que desfrutem, tanto como nós desfrutámos, deste texto.
As crianças são normalmente agitadas e desatentas. Correm por todo o lado e nem sempre estão atentas às solicitações dos adultos. São divertidas, têm um óptimo sentido de humor e falam sem parar.

Por vezes, esta energia é demasiado acentuada e pode ser patológica, dificultando o sucesso escolar, as relações com adultos e as relações com os pares. Os adultos sentem dificuldade em lidar com estas crianças, fazendo inúmeras tentativas para mudar o seu comportamento, que falham sistematicamente (Wright, 1995). Muitas vezes a linha que separa a agitação normal infantil da patologia é muito ténue, sendo difícil fazer esta distinção. É importante que os adultos considerem que o comportamento desadequado pode ser o sintoma de um distúrbio. Este distúrbio denomina-se Distúrbio de Hiperactividade e Défice de Atenção (DHDA).

O DHDA afecta 3 a 5% de crianças em idade escolar (APA, 1994), é um dos distúrbios psicológicos mais comuns na infância e afecta maioritariamente crianças do sexo masculino.

As crianças passam grande parte do seu tempo na escola, onde partilham a maior parte das suas actividades diárias com os professores. Aos professores é exigida a difícil tarefa de leccionar matéria, incutir regras e criar limites ao comportamento. Quando na sala de aula existem crianças com DHDA essa tarefa torna-se mais difícil ainda.

A criança com DHDA destaca-se na sala de aula pelo seu comportamento desadequado e falta de atenção. Os adultos que lidam com estas crianças têm dificuldade em controlar os seus acessos de raiva. Estas crianças apresentam baixa tolerância à frustração, teimosia e instabilidade de humor. Têm tendência para o isolamento e falta de auto-estima, relacionadas a falta de aceitação por parte dos pares e dos adultos. Muitos pais e professores interpretam os comportamentos da criança com DHDA como voluntários, recorrendo aos castigos cujos resultados nem sempre são os esperados. As crianças com DHDA são frequentemente vistas pelos adultos e pelos pares como mal-educadas e imaturas, sendo frequentemente submetidas à desaprovação e rejeição dos outros. Esta experiência repete-se ao longo do tempo e, associada às próprias características temperamentais da criança com DHDA, contribui para que a criança se torne ainda mais isolada, frustrada, irritável e com maior tendência de descontrolo emocional. Todos estes factores vão contribuir para o fracasso escolar, social e familiar (Toro, 1998).

O impacto que o DHDA causa na vida da criança pode ser muito variável e depende de vários factores. É muito importante que seja feito o diagnóstico adequado e o mais precocemente possível. O tratamento é realizado por uma equipa multidisciplinar, onde os pais e os professores são incluídos como elementos fundamentais.


História do DHDA


O DHDA não é uma doença dos tempos modernos. Há mais de uma centena de anos Sill (1902, cit. por Lopes, 2004; Toro, 1998) descreveu um conjunto de crianças que apresentavam um excesso de actividade motora e um escasso controlo dos impulsos. Still defendeu que a doença tinha uma origem orgânica e identificou características físicas comuns às crianças hiperactivas: cabeça demasiado grande, malformações no palato e vulnerabilidade às infecções.

Nos anos 40, Strauss & Lehtinen (1947, cit. por Lopes, 2004) criaram o conceito de “Síndrome de Lesão Cerebral Mínima”. Este conceito foi depois desenvolvido por Pasamanick & Knobloch nos anos 60. O conceito Síndrome de Lesão Cerebral Mínima associava os problemas de comportamento a desvios funcionais no sistema nervoso central. Estes autores consideravam que o comportamento agitado das crianças hiperactivas era causado por lesões funcionais no sistema nervoso central.

Nos anos 60 Chess (cit. por Lopes, 2004) falou no excesso de actividade como um sintoma central da doença, realçou a importância de construção de instrumentos objectivos de avaliação, retirou aos pais a culpabilidade pelos problemas dos filhos e separou os conceitos de “Síndrome de Hiperactividade” e “ Síndrome de Lesão Cerebral”.

No DSM-II (APA, 1968 cit. por Lopes, 2004) é criada uma categoria diagnostica denominada “Distúrbio Hipercinético na Infância” Este conceito reafirma a importância da avaliação do comportamento como factor fundamental no diagnóstico do distúrbio.

Nos anos 70 a hiperactividade deixa de ser o factor essencial do distúrbio. As inúmeras investigações que surgem passam a colocar a tónica na importância do défice de atenção e impulsividade (Lopes, 2004).

O DSM-III (APA, 1980 cit. por Lopes, 2004) apresenta novos critérios de diagnóstico, com base nas investigações realizadas nos anos anteriores. A denominação passa a ser “Distúrbio Hiperactivo e de Défice de Atenção”. O DSM-III confere um importante papel ao défice de atenção e impulsividade, sem esquecer a hiperactividade. Os sintomas são apresentados numa lista detalhada de verificação de comportamentos. São criados sub-tipos de Distúrbio de Défice de Atenção (DDA): DDA com Hiperactividade; DDA sem Hiperactividade; DDA residual (constitui um subtipo com contornos pouco definidos).

A década de 90 foi de intensa investigação. O DSM-IV (APA, 1994 cit. por Lopes, 2004) divide os sintomas de uma forma diferente dos manuais anteriores. São agrupados os sintomas de “hiperactividade-impulsividade” e “atenção”. O DSM-IV mostra a importância do despiste realizado em ambientes estruturados, como na sala de aula, e considera que os professores são observadores particularmente privilegiados.


Definição Clínica Actual do DHDA


De acordo com a última versão do DSM-IV (APA, 1994) a DHDA caracteriza-se por (a tabela pode ser observada em anexo):

Padrão persistente de desatenção e/ou hiperactividade, mais severo que o observado em sujeitos de nível equivalente de desenvolvimento.


Défice de Atenção

As crianças com DHDA apresentam problemas de atenção quando realizam diversas tarefas. Esta dificuldade em estar atento pode estar presente durante actividades lúdicas (mudar com frequência de brinquedos ou ter brincadeiras mais curtas que as outras crianças), mas agrava-se durante a realização de tarefas enfadonhas, repetitivas ou que exigem elevados níveis de atenção (Lopes, 2004). Apesar de existir alguma controvérsia em relação aos factores que influenciam a manutenção da atenção, a maior parte dos autores considera que a diminuição da atenção está relacionada com o facto de a tarefa não ser suficientemente atraente para a criança e não possuir recompensa imediata (Barkley, 1990 cit. por Lopes, 2004).

O défice de atenção pode manifestar-se em situações escolares. A criança tem dificuldade em prestar atenção aos detalhes, é pouco meticulosa e comete frequentemente erros durante a realização de trabalhos escolares ou outras tarefas. Estímulos irrelevantes como o barulho de uma buzina de automóvel, conversas de fundo ou barulho de aparelhos de ar condicionado distraem facilmente a criança, que interrompe as tarefas que está a realizar para dar atenção a esses estímulos (APA, 1994).

As crianças com DHDA têm dificuldade em organizar-se, passado de uma tarefa para outra sem conseguir terminar nenhuma das tarefas iniciadas. As tarefas que exigem um esforço mental mantido (por exemplo, tarefas escolares) são consideradas muito desagradáveis por estas crianças (APA, 1994).

Os materiais escolares, como lápis, canetas borrachas são frequentemente espalhados, danificados ou perdidos. As crianças esquecem-se frequentemente de assuntos importantes, como os deveres da escola ou encontros marcados (APA, 1994).

A criança apresenta dificuldades nas relações sociais, pois dificilmente está atenta ao que os outros dizem, muda frequentemente de assunto e não consegue cumprir regras durante as brincadeiras (APA, 1994). Esta é uma das razões porque as crianças com DHDA têm dificuldade em manter amigos, o que também vai contribuir para a sua falta de auto-estima.


Hiperactividade

A hiperactividade manifesta-se por: inquietação, mexer-se frequentemente na cadeira, mexer excessivamente braços e pernas, falar demasiado, correr em locais inapropriados, dificuldade em estar em silêncio, parecer “estar ligado a um motor” (APA, 1994).

Na idade pré-escolar e escolar estas crianças têm dificuldade em estar quietas a ouvir alguém contar uma história. Em casa, levantam-se da mesa antes de terminar a refeição, durante a realização dos TPC ou mesmo durante o visionamento de filmes ou desenhos animados.

Na adolescência e na idade adulta, a hiperactividade manifesta-se por inquietação e dificuldade em manter tarefas tranquilas (APA, 1994). O adulto hiperactivo tem tendência para desesperar em filas de trânsito, não conseguir permanecer sentado em salas de espera e ter dificuldade em estar no mesmo sítio durante muito tempo.

Mais uma vez, muito obrigada pelo tempo e atenção dispendidos,
GEBRA

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Medos e Mitos do Parto

Hoje decidimos partilhar convosco um texto sobre medos e mitos que se relacionam com o parto. Mais uma vez, esperamos corresponder às vossas expectativas!
O parto é um acontecimento particularmente perigoso na vida de uma pessoa, daí a existência de inúmeros mitos e medos.
Umas das maiores duvidas por parte dos pais são:
· A dor do parto é intolerável?
Este é, certamente, o medo universal associado ao parto, uma vez que o nascimento continua a estar ligado, na nossa cultura, à ideia de sofrimento.
É importante perceber que, ao contrário das outras dores, a dor do parto não é um sinal de que algo está errado no nosso corpo. E, a sua intensidade depende não só de grávida para grávida, como das condições em que a mulher dá à luz.
O medo da dor é o principal inimigo da mulher em trabalho de parto uma vez que quando há medo, aumenta a tensão, que a
umenta a dor.
O melhor plano para encarar a dor é senti-la como uma aliada no processo que fazer nascer o nosso bebé.
· Se o parto for de cesariana a vinculação ao bebé é posta em causa?
As mulheres que desejam a todo o custo ter um parto normal ou natural (sem medicamentos ou intervenções desnecessárias), é frequente pensarem que a cesariana prejudica a vinculação ao bebé. Nada mais falso.
A ligação a um recém-nascido não depende exclusivamente da forma como decorre o parto. É certo que o parto não cirúrgico permite um contacto imediato com o bebé e uma recuperação mais rápida, mas não é necessariamente sinal de vinculação instantânea.
O fundamental é que a mulher consiga viver bem o momento
do parto, sentindo que teve um papel activo no nascimento do filho.
· Actualmente a cesariana é uma intervenção sem riscos?
Eis o mito maior. É certo que a cesariana é uma intervenção cada vez mais segura, mas isso não a torna isenta de riscos. A mortalidade materna, associada a esta forma de nascer, é significativamente mais elevadas do que no parto vaginal. O risco de complicações infecciosas é cinco a vinte vezes maior.
A possibilidade de ocorrer uma hemorragia também é expressivamente mais alta. E, para os bebés, há o risco de ocorrer uma insuficiência respiratória.
Para além destes riscos, há também a questão da recuperação pós-parto. Esta é, inevitavelmente, mais difícil, longa e dolorosa.
A cesariana só deve ser efectuada em casos de comprovada necessidade.
· Quando não ocorre a dilatação tem de ser por cesariana?
Cada mulher é um caso mas, por vezes, pode ocorrer uma paragem da dilatação devido a ambientes ruidoso, clima de tensão, excesso de pessoas na sala de partos, sucessivos exames vaginais.
O medo do parto também pode interferir na progressão da dilatação. A grávida começa a sentir-se tensa e não consegue descontrair. A falta de relaxamento é um dos maiores impedimentos à progressão da dilatação. Se a situação persistir, apesar de a grávida estar a sentir contracções, pode ser necessário intervir cirurgicamente.

Os nosso sinceros agradecimentos, GEBRA

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Complicações no Parto

Caros leitores, como sabem, o parto nem sempre corre como desejado. Por vezes, surgem árias complicações, que têm de ser imediatamente resolvisas, de modo a salagurdar a saúde da mãe e do bebé.
As complicações do parto podem ocorrer quando a posição da criança é anómala ou quando se torna necessário, por qualquer motivo, utilizar instrumentos ou recorrer a um intervenção cirúrgica.

Quando o bebe não dá a volta
Na maior parte dos partos a criança, ao nascer, apresenta primeiramente a cabeça (apresentação cefálica). No entanto, cerca de 3 a 4% das gestações de termo, o bebé apresenta-se numa posição pélvica (pés e nádegas junto ao canal de parto).
Na maioria dos casos não se sabe a razão pela qual os bebés adoptam a posição pélvica no útero materno, mas existem situações mais frequentemente associadas a esta problemática.
· Prematuridade: quanto mais pequeno for o feto maior é a área de mobilidade do útero.
· Malformações uterinas ou massas pélvicas: no caso de miomas, aderências ou alterações anatómicas do útero materno, os fetos podem ter necessidade de adoptar posições mais confortáveis.
· Malformações ou anomalias fetais: fetos
com lesões ou malformações ao nível do cérebro e dos músculos apresentam menor capacidade de mobilização.
· Multiparidade: em grávidas já com um ou mais filhos a capacidade de distensão uterina é maior, o que facilita diferentes posições fetais.
· Gravidez gemelar: como a cavidade uterina tem de ser partilhada, aproveitando o máximo a área existente, um dos bebés pode apresentar-se pélvico.
· Anomalias no volume do líquido amniótico: caso o líquido amniótico aumente, o feto tem uma maior capacidade de mobiliz
ação, caso diminua o feto apresenta uma maior dificuldade em mobilizar-se.
· Placenta prévia: neste caso, pode existir dificuldade na adaptação da cabeça fetal ao canal do parto.
Fórceps
Por vezes é necessário, para segurança do bebé ou da mãe apressar o nascimento antes de a cabeça ter aparecido na vulva. Em tais circunstâncias, o médico pode retirar a crian
ça com o auxílio do fórceps. No entanto, esta prática tem sido quase inteiramente substituída pelo recurso à cesariana.
Cesariana
Quando, por algum motivo, o bebé não consegue ou não deve, por razões de saúde da mãe, nascer por via vaginal, a opção recai sobre o nascimento cirúrgico, a cesariana. A operação pode ser realizada com anestesia geral ou epidural, sendo que está última reúne cada vez mais preferências de médicos e grávidas. A epidural é uma técnica anestésica que elimina as dores do parto sem afectar a mobilidade da grávida. O segredo reside em aplicar uma substância anestésica onde ela é realmente necessária: nas raízes nervosas a nível da coluna, responsáveis pela sensibilidade no abdómen.
Há indicações absolutas para realizar uma cesariana, como os casos de placenta prévia (quando a placenta cobre parcial ou completamente o orifício interno do colo uterino), mas a intervenção não deve ser vulgarizada. Esta só deve ser efectuada em casos de verdadeira necessidade.
Os riscos associados a esta forma de nascer (é preciso não esquecer que se trata de um cirurgia!) são substancialmente mais preocupantes do que os riscos do parto normal: maior probabilidade de surgirem infecções e hemorragias maternas e maior risco de lesão fetal.

Mais uma vez, os nossos agradecimentos, GEBRA

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

O Parto

Caros leitores, antes de mais, esperamos que tenham tido um feliz natal e uma óptima passagem de ano. Desejamos também um bom ano de 2008. Pedimos que aceitem as nossas mais sinceras desculpas, por tão prolongada ausência. Sei que sentiram a nossa falta!
Começamos o ano em cheio, com uma introdução sobre o parto, como puderam constatar pelo título. Esperemos que gostem!

O corpo da mulher prepara-se para o parto algumas semanas antes do dia previsto. O útero, que é o local onde se desenvolve o bebé, começa por ser do tamanho do punho fechado e, à medida que o bebé vai crescendo dentro dele, vai aumentando de tamanho até o bebé estar pronto para nascer. O bebé encontra-se dentro do útero, na posição fetal (cabeça, braços e pernas dobradas em frente do tronco), dentro da bolsa de águas.

Na altura de iniciar o trabalho de parto, a criança encontra-se completamente formada e capaz de viver fora da mãe. Durante o último mês de gravidez, o bebé dá a volta e inicia a sua viagem em direcção à bacia pélvica, normalmente de cabeça para a frente.
É nesta fase que se dá início ao trabalho de parto. Geralmente, este anuncia-se por um ou mais dos seguintes indícios:
· Sinal de parto: consiste na expulsão, através da vagina, de um muco ensanguentado, normalmente em pequena quantidade. (rolhão mucoso)
· Ruptura de bolsa de água: manifesta-se pela saída de água, através da vagina, de uma variável quantidade de líquido.
· Contracções do útero: estas são dolorosas e regulares que fazem com que o bebé seja empurrado para fora através da vagina.
Seguidamente, inicia-se a primeira fase do trabalho de parto: período de dilatação.
Até começar o trabalho de parto o colo do útero está completamente fechado. Pouco a pouco, e com a ajuda das contracções, começa a abrir-se e acaba por se transformar num canal por onde vai passar a cabeça do bebé.
Caso a dilatação não se faça totalmente, o medico recorre à episiotomia, isto é, incisão no períneo (área muscular compreendida entre a vagina e o ânus) e na parede vaginal, que tem por objectivo abreviar o parto.
Posteriormente, dá-se início à segunda fase do trabalho de parto: período de expulsão.
Encontrando-se a cabeça do bebé dentro da bacia pélvica, está agora na posição correcta para poder deslizar através do canal vaginal.
As contracções já são de expulsão e a mãe agora pode e deve fazer força para o bebé nascer. Este momento marca a parte final de um processo que se iniciou há nove meses.

A cabeça está quase a aparecer. Por vezes fica bastante alongada, devido à passagem pelo canal vaginal. O pescoço encontra-se um pouco dobrado de modo a poder deslizar cá para fora e atravessar a bacia pélvica. É aqui que a ajuda da parteira ou do médico é muito importante, pois nesta fase o bebé deve ser auxiliado a colocar a cabeça na posição correcta para mais facilmente poder nascer.
Depois da cabeça, surge primeiro um ombro, depois o outro, e em seguida o resto do bebé. É o final da segunda fase do parto.
O cordão umbilical continua a pulsar durante uns minutos, mantendo o bebé ligado à placenta.
Chega, então, a altura de cortar o cordão umbilical. Com uma fita dá-se um nó em dois pontos do cordão e com uma tesoura desinfectada corta-se o cordão entre os dois nós para impedir que haja hemorragia.
Entretanto o bebé já se recompôs do esforço que fez para nascer e respira pela primeira vez. É já um ser independente.
O trabalho de parto está quase no fim.

Contudo, as contracções do útero continuam para que a placenta se desprenda da parede do útero, fase da dequitadura (terceira fase do trabalho de parto)

Após a placenta se desprender do útero, as contracções continuam até à sua expulsão completa. É preciso que a placenta saia completamente, pois caso isto não aconteça, surgirão complicações que podem ser graves.
Com a expulsão da placenta termina a terceira fase do trabalho de parto. O útero agora tem de continuar a contrair-se, não só para voltar ao seu tamanho inicial como também para estancar a hemorragia provocada na parede do útero pelo desprendimento da placenta.
A mulher precisa de se restabelecer, e por isso é aconselhável um intervalo de pelo menos dois anos antes de nova gravidez.
Os nosso agradecimentos pelo tempo e atenção despensados,
GEBRA